Ela é tão boa que joga como homem. O elogio machista poucas vezes foi tão justificável quanto no Botafogo da Paraíba. O clube tomou há duas semanas uma decisão sem paralelo na história do futebol brasileiro: escalou uma garota para treinar com o time masculino.

Carol Rodrigues, de 18 anos, é tratada como pequeno fenômeno. Ela integra o time feminino que vai disputar o Campeonato Paraibano. Para aperfeiçar sua técnica, passou a treinar com os homens. “Quando recebi a notícia, fiquei surpresa. Mas agora o susto já passou”, relata.

A garota mede 1,74m, pouco para goleiro(a), mas compensa na agilidade. Carol é goleira de seleções de futsal desde os 14 anos, e já jogou futebol de areia. A chegada ao Botafogo ocorreu há apenas um mês, mas a recepção até aqui foi a melhor possível. Inclusive entre os homens.

“A convivência tem sido muito boa, sem piadinhas. Eles me ajudam bastante”, comenta Carol, que não tem tido trabalho facilitado por ser mulher. “Eles não aliviam, é só chute forte”, garante o novo ídolo das meninas do futebol do Botafogo. “Elas acham incrível minha coragem”.

Carol é estudante de administração da Faculdade Maurício de Nassau, em João Pessoa. Mas o sonho está na seleção brasileira feminina, a contragosto de parte da família. “Painho nunca gostou que eu jogasse bola, diferente de mainha”, conta. Seu espelho não é a estrela Marta, mas sim a goleira Andreia. “Essa garota tem futuro”, atesta o técnico do futebol masculino do Botafogo, Pedro Manta.

Apelidado de Belo, o Botafogo, maior campeão estadual da Paraíba, agora ganhou sua Bela. A desconfiança, pelo menos dos homens do time, ela já venceu. Agora só falta convencer o “painho”.