Esqueça as cenas de luzes piscando nas janelas dos prédios vizinhos durante o jogo. No novo estádio do Palmeiras, que deve ser inaugurado em novembro, isso será coisa do passado. Para desgosto de alguns torcedores do clube, que apesar de estarem orgulhosos com a chegada do Allianz Parque, lamentam o fim de seu camarote particular do tempo do Parque Antarctica.

“Moro aqui desde 1954, e apesar de ser sócio do Palmeiras, sempre preferi assistir aos jogos da janela de casa”, conta o aposentado Alberto dos Santos, de 87 anos. Síndico do condomínio Alviverde, ele é um dos moradores de apartamentos da rua Padre Antônio Tomás, no bairro Água Branca, que possuíam vista privilegiada para o campo.

A partir da década de 1950, a região se verticalizou. Em anúncios nos jornais de São Paulo, as construtoras destacavam o clube como atrativo. E faziam referência a futebol batizando os condomínios como Alviverde e Palmeiras, também da Padre Antônio Tomás, e Olímpico, da rua Turiaçu, do outro lado da quadra.

O edifício Palmeiras foi um dos que aproveitou a localização para se promover. “Da sacada de seu apartamento você vê a praça de esportes do Parque Antarctica”, indicava anúncio publicado no dia 20/10/1957, no jornal Folha da Manhã. A estrutura do clube até parecia do prédio. “Você já imaginou chegar à tardinha, vestir um short e descer com as crianças para um gostoso banho de piscina?”

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“Moro aqui desde 1954, e apesar de ser sócio do Palmeiras, sempre preferi assistir aos jogos da janela de casa”. (Alberto dos Santos, vizinho do estádio do Palmeiras)

Numa comparação entre capturas do Google Street View de 2010 e 2014, antes e depois da construção do novo estádio, fica claro como o cenário local se alterou. Calçadas onde o sol batia agora têm sombra em parte do dia, em virtude da nova arquibancada, bem mais alta.

A marquise está a 55 metros de altura (o equivalente a prédio de 18 andares), sendo 32 metros a mais do que no antigo estádio. Dessa forma, acabou a vista que se tinha para o campo. “A região mudou muito em relação a quando cheguei”, constata o síndico do condomínio Alviverde.

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Da janela do apartamento, Alberto desfrutou de vários momentos marcantes do Parque Antarctica. Certa vez, ele estava assistindo a um jogo, e o narrador de TV pediu para os moradores piscarem as luzes de casa se estivessem acompanhando a transmissão. Em seguida, todo o prédio parecia uma árvore de Natal, relata o palmeirense.

Com a chegada do Allianz Parque, os sentimentos se misturam entre os vizinhos. “É claro que a gente está feliz de ver que o Palmeiras entrou no século 21, mas dá uma tristeza de saber que não assistiremos mais aos jogos em casa”, reflete o torcedor. Não deve ser fácil perder um camarote como esse.

Site do Allianz Parque:
www.allianzparque.com.br

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