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Catarinense faz filme sobre time romeno

João Vítor Roberge viajou à Romênia para produzir filme em seu TCC de Jornalismo na UFSC

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João Vitor Roberge passou 3 meses na Romênia, captando material para seu documentário (Foto: Acervo pessoal)
João Vítor Roberge passou 3 meses na Romênia, produzindo o documentário (Foto: Acervo pessoal)

Se TCC já tira o sono de vários estudantes, um catarinense conseguiu viabilizar algo que parecia loucura para muitos. Fã do Craiova, tradicional time romeno cuja história é reivindicada por dois clubes diferentes, João Vítor Roberge viajou ao país para produzir um documentário sobre isso em seu trabalho final no curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

O universitário desembarcou em Florianópolis no último dia 11, após três meses na Romênia. Lá, ele conheceu muitos dos contatos que fez durante o período em que manteve o blog O Craiovano, sobre o time da cidade de Craiova. “Tudo que eu ganhei nessa viagem, material e imaterial, vou guardar pelo resto da minha vida”, descreve João, vascaíno de 21 anos.

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O documentário sobre o time romeno, ainda sem nome definido, deve ser lançado após a conclusão do curso de Jornalismo, no primeiro semestre de 2016. O material capturado, com cerca de 11 horas de entrevistas e imagens, deve receber edição com 40 minutos a uma hora. O filme, explica o estudante, é a última etapa do projeto iniciado ainda com o blog.

Em entrevista ao Verminosos por Futebol, João detalha como foi a viagem e comenta um episódio que repercutiu em redes sociais, após sua paixão pelo time alternativo ter sido má interpretada por um site brasileiro. Acima de tudo, seu projeto serve de inspiração, a estudantes de Jornalismo e mesmo jornalistas. De que se deve acreditar em seus sonhos.

João Vitor Roberge conseguiu fazer entrevista com Hagi, maior craque romeno (Foto: Acervo pessoal)
João Vítor Roberge conseguiu uma entrevista com Hagi, maior ídolo romeno (Foto: Acervo pessoal)

Verminosos por FutebolO que o documentário sobre o Craiova vai revelar?
João Vítor Roberge – Vai revelar uma história pouco ou nunca antes vista fora da Romênia, a ascensão, queda e tentativa de retorno de um gigante no futebol romeno. Este trabalho vai mostrar um lado das pessoas também. Como um conflito de identidade entre dois clubes de futebol mexe com as pessoas e até mesmo destrói amizades, amigos que antes iam ao estádio juntos e hoje não podem mais se falar. Vou mostrar os diferentes lados de uma história absurda e difícil de entender à primeira vista, uma história linda e desastrosa que envolve o maior time romeno fora de Bucareste.

VerminososQuem foram as principais personalidades do futebol romeno que tu entrevistou?
João – Entrevistei o Hagi, depois de uma luta imensa para conseguir a entrevista (que não deverá estar no documentário, mas foi lançada em agosto como despedida do blog O Craiovano); o Ilie Balaci, maior jogador da história do Universitatea Craiova, um dos maiores da Romênia; Aurel Ticleanu, ex-jogador da Craiova Maxima e atual chefe de olheiros da Federação Romena de Futebol; Ovidiu Ioanitoaia, considerado o maior jornalista esportivo do país. E várias outras pessoas importantes.

Veja a entrevista com Hagi, em 12/8/2015:

VerminososComo conseguiu viabilizar uma viagem ao exterior para produção de documentário como TCC?
João – Neste primeiro semestre de 2015, tive três trabalhos, na Band FM de Floripa e na UFSC. Foi um semestre extremamente cheio, mas foi ideal para juntar o dinheiro necessário. Eu tentei fazer uma campanha no Catarse, mas ficou difícil. Minha mãe foi maravilhosa e conseguiu comprar os equipamentos necessários, fazendo vários cortes no nosso orçamento. E com minhas economias, colocando um pouquinho todo mês na poupança desde o ano passado, juntei o dinheiro para me manter lá. Além disso, fui abrigado por famílias romenas que não me cobraram nada, nem pela estadia, nem pela comida. Sem essa ajuda, seria impossível conseguir ir pra Romênia.

VerminososComo começou essa relação com o Craiova?
João – No Football Manager, o ano eu nunca sei, foi entre 2005 e 2007. Fui na casa de um amigo meu e ele estava jogando no campeonato romeno, aleatoriamente. Um dia ele estava com o Dinamo Bucareste, no outro, com o Universitatea Craiova. Achávamos o nome engraçado, e fomos jogando com ele. Fui procurar sobre a história do time e descobri que ela era muito bonita. Adotei como meu time na Europa, ficava acompanhando as tabelas. Em 2011, quando o time foi desfiliado da FRF, a simpatia pelo Universitatea Craiova só aumentou. O interesse cresceu a ponto de eu realmente querer estudar o futebol romeno e este clube.

“O documentário vai mostrar como um conflito de identidade entre dois clubes de futebol mexe com as pessoas e até mesmo destrói amizades, amigos que antes iam ao estádio juntos e hoje não podem mais se falar”. (João Vitor Roberge)

VerminososDesde o início do O Craiovano já havia o plano de conclui-lo com o documentário?
João – Sim. Em julho de 2013, depois de dois anos sem futebol em Craiova, surgiram FC Universitatea Craiova e CS Universitatea Craiova, os dois brigando pela identidade do clube fundado em 1948, com 10 títulos nacionais e altos desempenhos nas copas europeias. De começo, já vi que era um tema extremamente complexo. Criei O Craiovano pra me forçar a estudar o caso desde o começo, para não ter complicações na execução do projeto ou do próprio TCC. Mas nestes dois anos, O Craiovano se tornou algo muito maior que um diário de estudos

VerminososFoi difícil aprender a falar romeno? No que isso te ajudou no blog e no documentário?
João – Dizem que a língua não é difícil de aprender, mas sem professor ou material didático fixo, foi e está sendo muito complicado. A gramática é muito difícil pra mim. Com O Craiovano, me ajudou a encontrar pautas, a saber o que estava acontecendo no futebol romeno, a estudar o ambiente no qual eu iria me inserir. Só se faz isso com alguma profundidade lendo a imprensa deles, porque não se fala do futebol romeno em outro lugar, a não ser que seja um fato bizarro. Com o documentário foi essencial. Consegui contatos profissionais, contatos com assessorias de imprensa, 90% das entrevistas foram em romeno, muitas pessoas não sabiam falar o inglês. E lá, era eu sozinho. Eu nas câmeras, e eu nas entrevistas. Não tinha intérprete. Saber romeno nessas horas fez a execução desse projeto ser viável.

Entrevista com Ilie Balaci, maior jogador da história do Universitatea Craiova (Foto: Acervo pessoal)
Entrevista com Ilie Balaci, maior jogador da história do Universitatea Craiova (Foto: Acervo pessoal)

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VerminososAo longo desse tempo, teu foco de trabalho foi tema de matérias no Brasil e na Romênia. Cita algumas dessas referências que te orgulharam.
João – Foi muito legal ver o Verminosos dando o espaço pro trabalho ainda no início de 2014, quando tudo ainda estava engatinhando. Curti muito participar de três programas na Romênia, um de rádio, um de vídeo pra internet e outro de TV. E as referências e recomendações que a Trivela fez das minhas matérias especiais foram um reconhecimento fantástico.

VerminososEm uma matéria recente, tu chegou a ser identificado como símbolo de um fenômeno dos brasileiros que torcem para times estrangeiros, sendo tachado como “geração Playstation”. Para alguém que escolheu um time tão alternativo, de uma liga alternativa, e que inclusive se esforçou para aprender um idioma pouco falado no Brasil, teu interesse e esforço foram minimizados?
João – Foi um episódio bem chato. Nem foi por má fé, foi mesmo uma falta de tato e conhecimento sobre o que eu estava fazendo e sobre o que eu estudava. Não queria ser colocado num pedestal e que digam que eu estou fazendo algo genial e revolucionário, porque não estou. Mas ser chamado de maluco, louco, e ser associado a um termo tão pejorativo foi minimizar não só o que eu estava fazendo, mas a história do time. E Geração PlayStation sempre me soou como quem torce pra estes grandes e médios da Europa Ocidental. Eu estudo um time da Romênia que não está em copa continental há quase 15 anos. Sem preconceitos, mas se era pra criticar, foi escolhido um caminho muito errado. Mas é passado, não fica nenhuma mágoa.

“Saber falar romeno fez a execução desse projeto ser viável”.

VerminososAlém das várias histórias, a bagagem volta da Romênia com que artigos interessantes do futebol romeno? E deu pra assistir a algum jogo em estádio?
João – Nossa, voltei pro Brasil cheio de cachecol, camisas de times de lá, camisa réplica da Romênia de 94 autografada pelo Hagi, camisas usadas em jogo. Fui em vários jogos, acho que uns 10. Até fui em dois no mesmo dia. De manhã, em Pitesti, para um jogo da Liga a IV-A em que escrevi uma reportagem sobre o FC Arges, e na sequência peguei um ônibus pra Bucareste pra assistir a Dinamo x Astra, na Arena Nationala. Esse dia foi louco. Também assisti a Romênia 1×1 Finlândia. Apesar do resultado e da atuação da Romênia, foi uma experiência sensacional. Tudo que eu ganhei nessa viagem, material e imaterial, vou guardar pelo resto da minha vida e até o final da minha carreira que mal começou.

Visite O Craiovano:
craiovano.wordpress.com

Atualização em 4/7/2016:

O trabalho de João Vítor Roberge foi concluído. Confira o documentário abaixo.

Clique no link e leia também:

Brasileiro-e-louco-pelo-futebol-romeno
Brasileiro é torcedor de time da Romênia

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