Cidreira: o maior dos elefantes brancos
A Copa do Mundo de 2014 vai render alguns elefantes brancos ao futebol do Brasil. Mas nenhuma das “arenas” será […]
A Copa do Mundo de 2014 vai render alguns elefantes brancos ao futebol do Brasil. Mas nenhuma das “arenas” será tão inutilizada quanto o estádio de Cidreira, no interior gaúcho. Suas arquibancadas, com 17 mil lugares, poderiam receber toda a população do município, de 12 mil habitantes. “Poderiam”, pois o estádio se encontra em ruínas.
Se um dia ele guardar semelhança com algum dos estádios das 12 sedes do Mundial, não seria mera coincidênca. Uma ode à megalomania que acomete a classe política brasileira, o estádio Municipal de Cidreira nunca se justificou. Por isso virou um problemão para a administração, que não tem como bancar sua manutenção.
Inaugurado em 1996, o estádio foi ideia do então prefeito Elói Braz Sessim. Foram gastos 800 mil dólares, para atrair Grêmio e Internacional a torneios de pré-temporada na cidade, tradicional ponto veranista dos moradores de Porto Alegre. Naquele ano, o município chegou a receber a Copa Renner, disputada por Grêmio, Sport, Nacional-URU e Cerro Porteño-PAR. Mas ficou nisso.
Passadas quase duas décadas, o Sessimzão tornou-se inútil diante do frágil futebol local. E os anos de desatenção do poder público cobraram seu preço. “O estádio está ruindo”, denuncia Ricardo Lobão, autor do Blog do Lobão. Policial civil, ele registrou fotos a pedido do Verminosos por Futebol.
“Devido ao mau estado das instalações, a dupla Gre-Nal não veio mais para Cidreira”, conta Lobão. Sem os grandes de Porto Alegre, e sem um time no Campeonato Gaúcho, o estádio acabou abandonado.
O estádio está ruindo”. Ricardo Lobão, autor do Blog do Lobão
Um luxo para um município pequeno, que na época da inauguração do estádio tinha população de apenas 8 mil habitantes. “A cidade é um caos político, com obras inacabadas, ruas intrasitáveis, saúde um horror. A demolição do Sessimzão agora é a única saída”, sugere Lobão. Pode parecer uma solução absurda, mas seria menos custoso do que mantê-lo sem necessidade.
O Verminosos por Futebol buscou a Prefeitura de Cidreira, durante quase quatro semanas desde 28 de maio. Foram questionados: 1) Qual o custo da manutenção mensal do estádio; 2) Qual a atual utilização do estádio; 3) Qual o plano futuro para o estádio. Após um e-mail e três telefonemas, não houve retorno.
Ex-prefeito defende construção do estádio
O ex-prefeito Elói Braz Sessim atualmente mora em Tramandaí (RS), onde é proprietário da Rádio Itaramã. Para ele, a culpa pelo atual estado do estádio de Cidreira é das gestões que o sucederam. “Se o poder público continuasse investindo, com certeza teríamos treinos para os jogos da Copa por lá, não acha?”
Para Sessim, sua ideia não foi um erro. “Se tivesse sido bem aproveitado, Cidreira teria dado um salto em matéria de turismo”.
Segundo ele, o dinheiro obtido para a construção do estádio não poderia ser usado para a saúde, por exemplo. “A construção se deu porque ganhamos o valor de Brasília para este fim”, explica, opondo-se à demolição como solução. “Eu reformaria e o usaria com o propósito a que ele se destina, abrigar jogos e shows”.
Conheça o Blog do Lobão:
www.blogdolobao.com.br
21 respostas para “Cidreira: o maior dos elefantes brancos”
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Conheça o autor
O jornalista Rafael Luis Azevedo, 41, é editor do Verminosos desde 2012. É um dos 14 profissionais mais premiados na história do jornalismo no Nordeste, segundo o Portal dos Jornalistas, com 47 premiações. Cobriu in loco as Copas do Mundo de 2010 e 2014, foi co-autor de livros sobre o Ceará e o estádio Presidente Vargas e diretor dos documentários "Aqui é Flamengo" e "Mimo: O Milagre de Milagres" (vencedor do Cinefoot 2022). É também gerente geral da Alece TV, tendo passagens pela Alece FM, sites Tribuna do Ceará, Vós e O Povo Online, jornal O Povo e TVs Jangadeiro/SBT, O Povo/Cultura e Cidade/Record, todos de Fortaleza, nos cargos de repórter, produtor, social mídia, editor, coordenador e diretor. Já fez reportagem e produção freelancer para as TVs Globo e France 24 (FRA), as revistas Four Four Two (ING), So Foot (FRA), Courrier International (FRA) e Placar e os sites BBC Brasil, Vice, UOL, Agência Pública e The Epoch Times (EUA), além de produção de documentários para as TVs France 2 (FRA) e National Geographic (EUA).
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Próximas vez que esta pessoa
assumir o cargo novamente, vai construí um
aero porto – dizendo que podem receber voo internacional, ou uma pista de formula 1 ,
Quando eu for milionário quero comprar um navio, mais se alguém quiser em dar a grana eu compro, hahahaha é uma piada essa pessoa.
Politico quando chega ir pra cadeia, cometeu todos os crimes possível.
MEGALOMANIACO
Eu moro em cidreira por nao fazer um time de futebol e reforma o estadio seu deco e um cara certo para ser o cabeça para isso?
Quando leio uma matéria como essa, me vem a certeza de que o Brasil precisa ser explodido umas quinze vezes e recomeçar do zero para TALVEZ dar certo. Deve ter sido um prato cheio para superfaturamento.
Talvez mesmo…
* Quando o ex-prefeito fala que construiu, esquece de dizer que não pagou, por isso foi cassado e preso.
* Quando cita administrações que o sucederam, esquece de incluir sua ex-mulher Custódia.
* Quando ele diz: “Eu o reformaria…” na verdade errou o verbo e de fato queria dizer “Eu SUPERFATURARIA….”
Abraço
Esse comentário acrescenta bastante ao post, Fábio. Um abraço!
Sou natural de Cidreira, e moro aqui no CE, gde fortaleza, acompanhei a construção na época, e conheço bem tanto o município,qto as partes políticas envolvidas. Foi um sonho realmente, mas com certeza existiu muita má gestão no bem público para ficar nesta situação.
Paulo (85 8742 0815)
Valeu, Paulo. Divulga entre teus amigos de Cidreira. Um abraço!
pela matéria sobre esse elefante espalhando pelo brasil .
Valeu, Neuvanio!
Oi, Rafael. O prefeito da ocasião foi cassado e condenado à prisão por denúncias de superfaturamento e cobrança de propinas. Após permanecer foragido por vários anos, cumpriu a parte final de sua sentença no presídio central em Porto Alegre.
Não sabia.
Eu Como moradora e que vivenciei o estádio em plena função, gostaria muito de ver reformado e útil.
Reformado, Jussara, pode até ser, mas útil já é querer demais. Nunca um estádio desse tamanho pode ser bem usado numa cidade tão pequena se não houver um time profissional.
Errata: O ex prefeito mora em Tramandaí-Rs, não em Itaramã. Itaramã é o nome da rádio dele.
Obrigado, Francieli. Tá consertado.
Este estádio recebeu alguns jogos do campeonato gaúcho e esta copa Renner, e só! Lamentável o desvio de dinheiro nesta “obra”.
Oi Ricardo, pois é, essa é uma história que merecia ser contada em meio a cobertura da Copa das Confederações. É um caso lamentavelmente exemplar.