Você assistiu a Moneyball – O Homem que Mudou o Jogo? O filme, lançado em 2011, conta a história verídica de Billy Beane, gerente do Oakland Athletics, time que revolucionou o beisebol ao usar a estatística para atingir melhores resultados em campo. Um pesquisador brasileiro propõe o mesmo, agora com aplicação no esporte nº 1 dos brasileiros.

Desde 2012, o especialista em Educação Física Werlayne Leite passou a produzir estudos que aproximam a estatística ao futebol, além do futsal e do futebol de areia. “Isso ajuda a elaborar planos de jogos mais eficientes para sobrepor-se ao adversário”, explica o pesquisador, com pós-graduação da Universidade do Porto.

“A estatística ajuda a elaborar planos de jogos mais eficientes para sobrepor-se ao adversário”. (Werlayne Leite)

Em seu mais recente trabalho, publicado em outubro deste ano numa revista científica da Lituânia, Werlayne constatou a enorme vantagem adquirida pelo time de futebol que faz o primeiro gol. Para isso, foram analisados 996 jogos das cinco últimas edições dos seis principais torneios de seleções, como Copa do Mundo, Eurocopa e Copa América.

Em 71% dos casos, quem balançou a rede primeiro saiu com a vitória. Houve empate em 18% das ocasiões, enquanto aconteceu a virada em somente 11%. Segundo o pesquisador, já houve estudos que indicam similaridades em competições de clubes, em que há o fator “casa”. “Essa vantagem está relacionada a diversos aspectos, sobretudo o psicológico”, aponta.

Em outro estudo, publicado em revista científica da Sérvia, Werlayne já havia verificado que, nos 772 jogos das Copas do Mundo de 1930 a 2010, quase 21% dos gols aconteceram nos 15 minutos finais ou nos acréscimos. É um índice que chama a atenção. “Esse fenômeno ocorre principalmente pelo desgaste físico, aliado ao aspecto psicológico”, sugere.

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O pesquisador já publicou seus estudos em revistas científicas de Educação Física de cerca de 10 países. E já viajou para apresentá-los na Espanha, Portugal, Inglaterra e Argentina. “Alguns dos meus estudos já chegaram ao técnico da seleção portuguesa de futsal. E um deles está sendo desenvolvido pelo time de futsal do Benfica”, relata o cearense, de 32 anos.

O pesquisador critica o pouco uso da estatística no futebol brasileiro. “Parafraseando o professor Vitor Frade: ‘O futebol tem muito jogo para ser só ciência. Por outro lado, é excessivamente científico para ser só um jogo”, aponta. “Ainda está bastante arraigado o pensamento de que as coisas se resolvem em campo. Enquanto isso não for superado, continuaremos a ter resultados medíocres”.

Que nossos técnicos leiam isso.

> Werlayne Leite tem graduação em Educação Física na Universidade Federal do Ceará, especialização na Universidade do Porto e trabalha nas secretarias de Educação do Ceará e de Fortaleza.

Quer ver os estudos do pesquisador? Faça os downloads abaixo.

• A influência do primeiro gol para o resultado final do jogo de futebol
  
• The influence of the first goal on football match
• Análise de gols em Copas do Mundo de futebol e determinação de fase crítica do jogo
• Analysis of goals in soccer World Cups and the determination of critical phase
• Serão os jogos esportivos coletivos futebol, futsal e beach soccer semelhantes
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