O dia em que Garrincha atuou no Fortaleza
Um gênio do futebol mundial já vestiu a camisa de um time cearense. Velho, gordo, sem ritmo de jogo, tocou […]

Um gênio do futebol mundial já vestiu a camisa de um time cearense. Velho, gordo, sem ritmo de jogo, tocou na bola apenas sete vezes, deu um chute a gol. Foram somente 60 minutos em campo, mas o suficiente para possibilitar ao Fortaleza entrar para a história. Como um dos clubes que tiveram a honra de contar com Garrincha, o anjo das pernas tortas, mesmo que num só jogo.

O dia 28 de janeiro de 1968 foi marcante para o futebol cearense. Para comemorar o título estadual do ano anterior, o Fortaleza promoveu no estádio Presidente Vargas um amistoso contra o Fluminense. Mas a maior atração não estava no adversário. Garrincha, tido como maior craque de todos os tempos ao lado de Pelé, foi convidado para defender o Leão, por cachê de R$ 19 mil em valores atuais.
O famoso ponta-direita do Botafogo e da seleção não atuava regularmente havia quase quatro anos. Dois anos antes, chegou a participar da Copa de 1966, na Inglaterra, mas já não era nem sombra do craque que conquistou o bicampeonato mundial em 1958 e 1962. Então com 35 anos, Garrincha fazia exibições pelo País. Em Fortaleza, chegou com seis quilos a mais que no auge da carreira.
Isso explica a atuação apagada. Na única vez em que tentou um de seus dribles pela direita, foi interceptado por Bauer, do Fluminense. “Garrincha não mostrou nada em campo”, definiu o colunista Alan Neto no jornal O Povo do dia seguinte. Aos 15min do segundo tempo, ele deu lugar a Alísio. A partida terminou em 1 a 0 para o Fortaleza, gol de Humaitá no primeiro tempo.
Naquele dia o PV recebeu 9.399 pagantes, mas o público total foi muito maior, pois crianças tiveram entrada gratuita e ainda concorriam a uma bicicleta com as cores do Leão. O maior privilegiado, porém, não foi nenhum torcedor, mas sim o técnico do Fortaleza, Luiz Veras, que morreu em 2009. Dois anos antes, em matéria do O Povo, ele resgatava com carinho as lembranças da tarde memorável. “Tive o privilégio de ser treinador do Garrincha”, dizia. Orgulho para poucos.
Ficha técnica da partida
Fortaleza – Pedrinho; Louro, Zé Paulo, Renato e Carneiro; Luciano e Joãozinho; Garrincha (Alísio), Humaitá, Décio e Coelho. Técnico: Luiz Veras
Fluminense – Jorge Vitório; Oliveira, Valtinho, Altair e Bauer; Denílson e Cabralzinho (Serginho); Wilton, Amoroso, Samarone e Lula (Gilson Nunes). Técnico: Telê Santana
Local: Estádio Presidente Vargas
Data: 28.1.1968
Renda: NCr$ 28.822,00
Público: 9.399 pagantes
Árbitro: José Felício
Assistentes: Leandro Serpa e Adelson Julião
Gol: Humaitá (25min 1ºT)
Fique sabendo:
Garrincha fez cinco jogos contra times cearenses, em excursões do Botafogo, entre 1954 e 1958. Perdeu do Calouros do Ar por 1 a 0, venceu o Ferroviário por 2 a 0 (com um gol) e o Usina Ceará por 3 a 1 (dois gols) e teve vitória de 2 a 0 e empate em 2 a 2 contra o Ceará (um gol no último jogo). O craque morreu 15 anos depois do amistoso em que defendeu o Fortaleza, em 1983.
3 respostas para “O dia em que Garrincha atuou no Fortaleza”
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Só um clube grande do nosso estado pode ter o privilégio de contar com um gênio da bola um anjo de pernas tortas de dribles magistrais. Ficou pra historia FORTALEZA ESPORTE CLUBE E MANÉ GARRINCHA nomes grandes que nasceram pra brilhar.
Legal, ótima matéria, parabéns!!! será que seria legal fazer um Cubee do garrincha com a camisa do fortaleza???!!! Valeu.
É uma boa ideia, Christian. Atenção que o modelo da camisa da época tinha listras verticais, diferentemente das horizontais de hoje. Um abraço!