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Deu a louca

Torcedor viaja 20 mil km com Auto Esporte

Na última vez que o Auto Esporte foi campeão paraibano, Laércio Ismar tinha 2 anos. Foi em 1992. De lá […]

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Laércio Ismar, com três tatuagens, é fã mais apaixonado do time da Paraíba (Fotos: Acervo pessoal)

Na última vez que o Auto Esporte foi campeão paraibano, Laércio Ismar tinha 2 anos. Foi em 1992. De lá pra cá, o clube sofreu dois rebaixamentos, está há 10 anos em crise e caiu no esquecimento nacional. Mesmo assim o torcedor de João Pessoa acumula mais de 20 mil km percorridos em jogos na capital e no interior. Prova de amor sem igual pelo time hoje restrito aos limites do estado.

Desde 2005, foram 150 partidas in loco, tudo devidamente anotado. Nos últimos cinco anos, cerca de 98% de presença, um feito para uma torcida tão sofrida. “Só perdi dois jogos em Sousa (a 420 km de distância), um por problema mecânico e outro por recomendação médica. No total, foram 53 vitórias, 30 empates e 67 derrotas”, registra o designer. Números que reforçam ser um torcedor fiel, que abraça o time mesmo quando a fase não é boa.

Nessas andanças, Laércio viveu muita história marcante. Como o dia em que foi, em parte do jogo, o único torcedor na arquibancada, em Patos (a 300 km da capital). Foi em 2011, contra o Nacional. “Quando entraram em campo, os jogadores fizeram a tradicional saudação à torcida, que era eu. O estádio que vaiava, silenciou. Pensei: ‘Hoje sou o 12º jogador'”.

Somente aos 15 minutos chegou uma dúzia de outros torcedores de João Pessoa. Uma forcinha a mais que ajudou o Auto Esporte a vencer por 2 a 0, mesmo com um homem a menos. “O técnico veio até mim e disse que eu fui a inspiração do time, que estava com dois meses sem salários”, relembra. Nascia ali o desejo de uma tatuagem para marcar a vitória.

“Nos últimos cinco anos, só perdi dois jogos, em Sousa, um por problema mecânico e outro por recomendação médica. No total, foram 53 vitórias, 30 empates e 67 derrotas”. (Laércio Ismar)

Laércio estampou um escudo do clube de 12cm na panturrilha direita. Depois disso, ele tatuou “Sempre Auto” na cabeça, para comemorar o título da Copa Paraíba de 2011, e “Ultras 1936” na outra panturrilha, referência a sua torcida organizada. No quarto ele mantém ainda sete camisas alvirrubras e cartões de registro de atletas.

“Auto Esporte é uma religião, um modo de vida. Somos diferenciados. Somos a contracultura do futebol local”, defende. O torcedor tem seus motivos para acreditar nisso. O Auto Esporte já foi uma das forças da Paraíba, sendo seis vezes campeão estadual. “Já levamos 8 mil, 9 mil torcedores ao estádio”. Em 2013, a média de público foi de apenas 217 por jogo, a pior dentre 10 participantes.

A crise dos times da capital esvaziou os estádios. Na Paraíba, curiosamente, as torcidas de Campina Grande (Campinense e Treze) são mais presentes na arquibancada e mais identificadas com os clubes locais que as de João Pessoa (além do Auto Esporte, Botafogo e CSP).

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O Auto Esporte teve a 10ª e pior média de público do Paraibano de 2013: 217 torcedores por jogo (Foto: Divulgação)

 

“Em sua maioria, os torcedores paraibanos reclamam que o futebol aqui é fraco, que a presidente da federação e os dirigentes dos clubes são corruptos. Mas se 100 torcedores que pensam assim resolvessem torcer para um clube, frequentassem os jogos, batessem de frente com a ‘diretoria corrupta’, se associassem, comprassem camisa, não seria uma grande ajuda? E se fossem 1.000?”, questiona Laércio.

Esse fenômeno é conhecido no Nordeste como misto – aquele que, sendo ou não torcedor de um time local, torce para clubes de Rio de Janeiro e/ou São Paulo. “Eu acompanhava também a Portuguesa, mas tomei consciência de que tenho que apoiar o que é meu e deixar o clube do eixo para quem é do eixo”.

“Eu acompanhava também a Portuguesa, mas tomei consciência de que tenho que apoiar o que é meu e deixar o clube do eixo para quem é do eixo”.

Essa xenofobia aos mistos fica ainda mais latente em relação aos torcedores do Botafogo da Paraíba, cujo nome e escudo são inspirados no original carioca. “Um time que nasceu de uma cópia não merece respeito. Time sem identidade com a cidade, sem história. Time de simpatizantes”, critica. Por isso, o apelido bem-humorado que ele sempre repete ao invés do nome: Xérox.

O próprio Auto Esporte, fundado por taxistas de João Pessoa, foi alvo de réplicas. Já houve times com o mesmo nome em Pernambuco, Piauí e Amazonas. “Mas somos o primeiro”, prega. E, hoje, único! Por isso tanto orgulho com a longa quilometragem em jogos por toda a Paraíba. Assim Laércio faz valer o nome automobilístico do time de coração.

Auto-Esporte-escudoAuto Esporte Clube
Fundação: 7/9/1936
Estádio: Evandro Lélis (2 mil lugares), sem condições de jogo. Partidas são realizadas no Estádio da Graça (4 mil), municipal
Títulos: Paraibano – 1939, 1956, 1958, 1987, 1990 e 1992; 2ª divisão do Paraibano – 2006; Copa Paraíba – 2011
Site: www.autoesporteclube.com.br

Clique e confira relação de jogos com presença de Laércio Ismar.

Vídeo do título do Auto Esporte na Copa Paraíba 2011:

17 respostas para “Torcedor viaja 20 mil km com Auto Esporte”

  1. Olha o Botafoguense com complexo de grandeza e superioridade. Como queria que o autino Lhes tratassem? Chamando de Belo, Fogão? Rivalidade é rivalidade. Pode não ser a mesma como antigamente, mas não deixa de ser. Ser o maior campeão numa época que Genival Leal de Menezes (apelidado na época de ‘camisa 12 botafoguense’) e hoje em doa com quase 1 milhão dado pela PMJP (prefeito botafoguense)… é mole. Vocês deveriam se envergonhar de receber esse dinheiro público. A cidade está m verdadeito lixo! Se acabando em buracos! E nem venham com ‘incentivo ao Esporte, isso é interesse pessoal, mesmo. Se fosse assim, Csp deveria receber o mesmo montante.

    Saudações do Galo da Borborema.

  2. sou trezeano, muito legal a matéria. tambem fizemos aniversário no dia 7 de setembro. engraçado sao os torcedores da xerox que dizem nao ter rivalidade com o autinho, mas se doem e se revoltam todos com as provocaçoes dos mesmos, vide um cartaz exibido pela torcida do autinho num bostafogo x auto esporte. vai entender

  3. Acho muito legal a história do Laércio com o Auto Esporte, só acho triste o fato de ele viver do Botafogo, dessas alfinetadas que não espetam ninguém pra poder se vangloriar de ter chamado o Maior da Paraíba de xérox em algum veículo da mídia.

    Torço pro dia que o auto volte a ser a quarta força da PB, pra ver se os torcedores deixam de depender do Belo pra ter alguma alegria 😛

    Ah, e Rafael, só um adendo na parte de que os times de campina são mais presentes. Há três anos que o Botafogo apresenta a maior média de público do campeonato paraibano, inclusive o derby Botauto teve mais público que o clássico do interior nos dois ultimos anos, mesmo lá sendo duas torcidas contra apenas a do Belo aqui na capital, com o agravante de que vinhamos de 9 anos de jejum.

    Esse ano, o Paraibano teve publico total de 181mil pagantes. Desses, quase 67mil foram do Botafogo. Tivemos 4 dos 5 maiores públicos do campeonato.

    Aos automobilistas, podem continuar nos chamando de xerox e simpatizantes se isso fizer vocês sentirem-se melhor 😛

    Saudações do maior da Paraíba, e que o autinho possa começar a brigar pelo título, em vez de lutar contra o rebaixamento no futuro. Mas os meus 6 pontos eu faço questão.
    Abraço!

  4. Máximo de Respeito ao Laércio e ao Auto, essa correria que o Laércio faz pelo Auto Esporte mta gente não faz c/ seu Time na serie A… Como smp digo, toda time tem seus torcedores Apaixonados, Loucos e Infelizmente tb aqueles Simpatizantes que na hr boa vão em estádio, compram camisas mas na hr ruim nem lembra do time… Nenhum time precisa de Torcedores Simpatizantes mas sim de Torcedores cmo o Laércio que Orgulha de ser Auto independente de Divisão, Estádio ou Estado… Sobre o Xérox é igual a Barcelona do Equador, River Plate e Boca Jrs do Piauí… alem de ser Horrível é mta falta de Identidade e Criatividade! #ForçaAuto

  5. Eu só lamento Laércio dizer que somos simpatizantes e forçar uma rivalidade. infelizmente, não tem como competir com um time que todo ano luta para não ser rebaixado, Mas, é sempre assim, quem bate(BOTAFOGO PB) nunca lembra, não é mesmo? Identidade nós temos, só não temos piedade de um time falido.

    • Rivalidade é assim em qualquer canto, (quase) todo torcedor vê seu lado com o do bem, enquanto o outro é o do mal. Porém, espero que, em João Pessoa, essa relação tensa ainda não passe do nível das discussões. Um abraço!

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