Na próxima terça-feira (13), Fortaleza será o centro das atenções do futebol brasileiro, no primeiro jogo da seleção em casa nas Eliminatórias, contra a Venezuela. Por coincidência, a partir do dia seguinte, a capital cearense será palco de evento nacional que prega um futebol oposto.

A 2ª edição do Encontro Futebol e Cultura reunirá, entre os dias 14 e 17, instituições e coletivos de diversas partes do país que usam a modalidade como meio de transformação social e política. Projetos com perfil do qual o Verminosos por Futebol – e alguns leitores desta página – curtem.

Realizado pela ONG Ação Educativa, em parceria com o Instituto Esporte Mais e o Museu do Futebol, o evento teve sua estreia em 2014, em São Paulo. Agora, com apoio do Governo do Ceará, a série de debates e apresentações ocorrerá no auditório do estádio Castelão e no Cuca Jangurussu. O espetáculo de abertura, às 19h30 da quarta-feira, será no Cine São Luis, no Centro.

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Nos debates, quinta e sexta-feira, estarão presentes oito experiências de São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Amazonas, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Além disso, mais quatro projetos cearenses. Um deles, o Juventude Esporte Clube, do bairro Bom Jardim, em Fortaleza, time do técnico cego Flávio Aurélio Silva, personagem descoberto neste ano pelo Verminosos por Futebol.

“Foi consenso: ele precisava apresentar para todos a sua história, pois representa muito o futebol que defendemos, aquele que muda realidades e constrói culturas. O futebol deu uma nova razão ao Ceguim, e o Ceguim nos dará muitas razões para continuar acreditando no futebol”, exclama Daiany França Saldanha, diretora presidente do Instituto Esporte Mais, que organiza o evento.

“O futebol deu uma nova razão ao Ceguim, e o Ceguim nos dará muitas razões para continuar acreditando no futebol”. (Daiany França Saldanha)

Por ironia, até a hospedagem será compartilhada entre a delegação da seleção brasileira e os participantes do Encontro de Futebol e Cultura. “Só percebemos esse ‘acaso’ recentemente. Mas não muda em nada a rotina do evento. A seleção brasileira estará em campo buscando seu lugar na Copa do Mundo de 2018, e nós estaremos divididos no aeroporto e hotel oficial”, pontua Daiany.

Os ideais de ambos, porém, são bem diferentes. “Um outro futebol é possível”, aspira Daiany. “Aliás, ele já é praticado”. A CBF finge que não vê.

“Interessa-nos a bola que rola nas praias, nas ruas, becos e vielas das favelas e periferias urbanas, aldeias indígenas, comunidades quilombolas, assentamentos e acampamentos de trabalhadores rurais sem terra e entre os refugiados. Queremos saudar o futebol jogado nos campinhos de várzea, na lama do Rio Amazonas, nas comunidades ribeirinhas. O futebol que é ação direta de grupos ativistas anticapitalistas. Queremos um futebol inclusivo, onde pessoas cegas e com outras deficiências físicas possam praticá-lo plenamente. Um futebol livre da homofobia, onde a mulher tem seu espaço garantido, não por concessão, mas por reconhecimento e mérito. Um futebol em que a arte e a cultura façam parte do espetáculo”.

Confira a programação do evento:
futebolecultura.org.br
facebook.com/futebolecultura

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