Reza o ditado que futebol, política e religião não se discutem. Quando os três se misturam, a polêmica tende a ser explosiva. É o que acontece na Escócia, onde Rangers e Celtic herdaram o sectarismo de filosofias antagônicas, o que tornou esse o maior ódio recíproco do futebol mundial. O grande exemplo disso está presente em Larkhall, a cidade em que o verde, acredite, é proibido.

A torcida do Rangers, fundado em 1873, é de maioria protestante e seguidora da Rainha do Reino Unido. O Celtic, de 1888, foi fundado por opositores político-religiosos históricos, com torcedores de maioria católica e republicana. Por isso, foi natural que a Old Firm, como é conhecido o clássico, tivesse tênue a linha da rivalidade saudável.

Em Larkhall, cidade de 15 mil habitantes, a maioria da população é protestante. E, por tabela, pró-Reino Unido e torcedora do Rangers, de cor azul. Dessa forma, o verde, que simboliza o Celtic, passou a ser rejeitado. A ponto de ser retirado até mesmo das fachadas de lojas.

O Subway, rede de fast food americana presente em 100 países, se viu obrigada a trocar o verde pelo preto na sua logomarca. Uma rede de farmácias tomou iniciativa semelhante. Até a troca de cor, cabines telefônicas e grades de praças não escapavam de vandalismo, algo incomum na Europa.

Segundo o jornal The Independent, 205 semáforos foram quebrados entre 2004 e 2007, gerando prejuízo de 17 mil libras. Jovens bêbados chegaram a atear fogo à grama. Claro, a grama é verde.

Que os torcedores do Rangers incendeiem toda a mata local. Assim, graças à intolerância, Larkhall será a primeira cidade no mundo sem existência de verde. Nem mesmo na vegetação.