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Brasil inspira festival de cinema português

Dentre os seis filmes, serão dois brasileiros: os curtas Ernesto no País do Futebol e O Primeiro João

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O 1º Festival de Futebol e Cinema terá exibição de filmes brasileiros (Foto: Divulgação)
O 1º Festival de Futebol e Cinema terá exibição de filmes brasileiros (Foto: Divulgação)

O Brasil é uma inspiração para Portugal em alguns campos. Um dos principais – nenhuma surpresa – é o futebol. Outro é o cinema de futebol. Mesmo que nossas produções sobre o maior dos esportes não sejam lá essas coisas, ao menos se comparadas às da Inglaterra, já é o suficiente para receber destaque no Cine Futebol Clube – 1º Festival de Futebol e Cinema.

O evento será realizado em duas noites, nesta sexta-feira (8) e sábado (9), na cidade do Porto, nas galerias Lumiére. Dentre os seis filmes, serão dois brasileiros: o curta-metragem Ernesto no País do Futebol e o curta de animação O Primeiro João. Além deles, haverá obras de Argentina, Inglaterra e Liechtenstein, e uma co-produção envolvendo Holanda, Itália e Japão.

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“O Brasil é uma enorme inspiração para quem trabalha na área de comunicação, como é o meu caso. Algumas das melhores histórias do futebol aconteceram no Brasil e foram contadas por brasileiros. A forma como Nélson Rodrigues pensou e escreveu o futebol durante toda a vida foi marcante”, assinala o jornalista português Ivo Costa, um dos organizadores do evento.

Entre seus filmes de futebol preferidos, estão três brasileiros. “Garrincha – Estrela Solitária foi um filme que me marcou muito, assim como a biografia de Ruy Castro. Linha de Passe também me colou na tela. E Heleno contou bem uma boa história, sendo que nem sempre isso acontece”, enumera Ivo, que trabalha para Sport TV e Rádio Nova, de Portugal.

Ivo Costa, organizador do festival, admira a cultura do futebol brasileiro (Foto: Acervo pessoal)
Ivo Costa, organizador do festival, admira a cultura brasileira (Foto: Acervo pessoal)

O festival busca, também, sensibilizar o cinema português para que enxergue o potencial dramático do jogo. “Em Portugal, o investimento em cultura é pequeno. A produção cinematográfica sofre com isso. E nenhum do pouco investimento segue para qualquer projeto que se associe ao futebol”, constata Ivo. “Não há bons filmes sobre futebol”, resume.

Tanto que o organizador do festival precisa ir lá atrás para citar uma boa produção de Portugal que trate de futebol, mesmo que em pano de fundo. No caso, O Leão da Estrela, de 1947, uma comédia sobre um torcedor do Sporting que se finge de rico numa viagem ao Porto para ver um jogo. “Depois há tentativas mal sucedidas de juntar os dois mundos”, critica.

“O Brasil é uma enorme inspiração para quem trabalha na área de comunicação. Algumas das melhores histórias do futebol aconteceram no Brasil e foram contadas por brasileiros”.

Um entrave para isso é a paixão exacerbada dos portugueses pelos grandes do país, incluindo ainda o Benfica. “A vida ligada aos clubes corta pela raiz muitas boas possibilidades para documentários. Há sempre a ideia de que o espectador vai ter uma visão clubística”, aponta Ivo, que acredita na existência de um público despido dos times.

“Não faltam boas histórias, nem bons contadores de histórias, mas falta quem aposte nesse tipo de produto”, opina. Parafraseando Nelson Rodrigues, o jornalista cita uma máxima que diz muito sobre a inércia que lamenta: “O pior cego é o que só vê a bola”.

> O Cine Futebol Clube – 1º Festival de Futebol e Cinema é organizado por cinco jornalistas fãs de futebol e cinema – Ivo Costa (Sport TV), Francisco Ferreira (TVI), Sérgio Pires (Mais Futebol), Rui Frias (Diário de Notícias) e César Nóbrega (Rádio Nova) –, que se juntaram a Raquel Gomes e Alfredo Costa.

Veja o filme O Leão da Estrela:

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Filmes na programação do festival:

Ernesto
ERNESTO NO PAÍS DO FUTEBOL

De André Queiroz e Thaís Bologna – Ficção, 14 minutos, Brasil.
Multipremiado em festivais de cinema brasileiros, este curta-metragem infanto-juvenil aborda uma série de assuntos importantes através da linguagem do futebol. A diversidade, a educação, o desporto e a sociologia são os temas de uma ficção simples: em ano de Copa do Mundo, o que poderia ser pior para um menino argentino do que viver no Brasil?

El-Otro-Futbol
EL OTRO FÚTBOL

De Federico Peretti – Documentário, 94 minutos, Argentina.
O amor à camisa ainda é realidade no futebol. O único objetivo é jogar. As alegrias e decepções são reais. O grito de gol e o insulto ao árbitro fazem parte da mesma angústia, a angústia de vencer! Mas eles não fazem parte da elite. Eles não são os “Cristianos Ronaldos” do futebol. Os seus clubes não são os “Real Madrids” deste mundo. Eles jogam em estádios acanhados e não recebem salários. O realizador e fotógrafo Federico Peretti precisou de três anos para completar o projeto.

Pelada
PELADA

De Luke Boughen, Rebekah Fergusson, Gwendolyn Oxenham e Ryan White – Documentário, 90 minutos, Inglaterra.
Longe dos estádios profissionais há um outro futebol. Em vielas, ruas e campos acimentados, os fãs jogam um futebol improvisado. Cada um dos países tem um nome diferente. Nos Estados Unidos chama-se “pick-up soccer”, em Trindade e Tobago é “taking a sweat”. Em Inglaterra “having a kick-about”. No Brasil e em Portugal chama-se simplesmente “pelada”. Quer dizer: nua. O futebol despido de subterfúgios é o melhor futebol de todos. Aquele que se joga com gosto e com garra, tema deste documentário.

O-Primeiro-Joao
O PRIMEIRO JOÃO

De André Castelão – Animação, 6 minutos, Brasil.
Manuel dos Santos, Mané Garrincha ou simplesmente Garrincha. Apesar de ter as pernas tortas, ele deixava os adversários loucos com seus dribles desconcertantes. O seu futebol era samba puro, como uma das suas mulheres: a cantora e compositora Elza Soares. Reza a lenda que Garrincha chamava a todos os seus adversários em campo de “João”. Esta animação avança com uma explicação para o apelido. Mas a verdade nunca ninguém saberá. Porque a verdade se foi em 20 de janeiro de 1983, quando Garrincha morreu no Rio de Janeiro, aos 50 anos.

The-Other-Final
THE OTHER FINAL

De Johan Kramer – Documentário, 80 minutos, Holanda, Itália e Japão.
Desiludido com a ausência de sua seleção na Copa do Mundo de 2002, um fã holandês decide organizar uma partida de futebol entre as duas equipes com pior posição no ranking da Fifa: Butão (202ª posição) x Monserrat (203ª posição). O jogo é disputado no mesmo dia da final do Mundial e fica conhecido como “A Outra Final”. O futebol aproximou duas nações que, caso contrário, nunca se teriam cruzado. Porque o futebol também é isso. Uma celebração planetária capaz de unir os desunidos, uma vez que seus esportes nacionais são tão díspares: em Monserrat joga-se críquete e no Butão, o arco e flecha.

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THE MOUSE THAT SCORED

De Sebastian Frommelt e Sigvard Wohlwed – Documentário, 93 minutos, Liechtenstein.
Liechtenstein é um principado com 36 mil habitantes e uma seleção de futebol. Entrincheirado entre a Áustria e a Suíça, o país não conseguiu vaga para a Euro 2008, jogada nos dois países. Seria preciso um milagre. Os dois documentaristas acompanham a seleção nas Eliminatórias. Gente orgulhosa de enfrentar os “Golias” do mundo do futebol, sempre com a esperança de um dia ganhar um jogo.

Clique no link e leia também:

http://www.verminososporfutebol.com.br/dica-cultural/veja-os-56-filmes-da-7a-edicao-do-cinefoot/

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