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Colina Melancólica, o estádio de Porto Alegre que virou cemitério

O antigo estádio do Cruzeiro-RS virou cemitério. E parte da arquibancada segue lá

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O nome do estádio se devia a existência de cemitérios na vizinhança, em Porto Alegre (Foto: Reprodução)
O nome do estádio se devia a existência de cemitérios na vizinhança (Foto: Reprodução)

O antigo campo do Cruzeiro de Porto Alegre, o Estádio da Montanha, carregava um dos apelidos mais carismáticos do futebol brasileiro: Colina Melancólica. O nome se devia a existência de cemitérios na vizinhança, no bairro da Medianeira, próximo também ao Estádio Olímpico, do Grêmio. A referência depressiva pegou entre a torcida.

Em 1970, a combinação da crise financeira do Cruzeiro e do crescimento do mercado funerário resultou na morte do estádio do clube, inaugurado em 1941, época em que era o maior da capital gaúcha. A capacidade era de 20 mil lugares, e não raro as arquibancadas lotavam com a torcida que já chegou a rivalizar com a dupla Gre-Nal.

Conta-se que, no último jogo, no dia 8 de novembro, vitória de 3 a 2 sobre o Liverpool do Uruguai, torcedores deixaram o estádio chorando. Melancolia derradeira naquele pedaço de grama, ao menos por causa de futebol.

Afinal, a Associação Cristã de Moços tinha a intenção de construir ali o Cemitério Ecumênico João XXIII – um cemitério vertical, para otimizar o espaço. Como pagamento, o Cruzeiro recebeu um terreno a 15 km de distância, no bairro Protásio Alves, onde levantou o estádio Estrelão, em 1977, e levou também 30% dos valores dos jazigos vendidos até 1985.

Não foi suficiente para o Cruzeiro recuperar sua aura, nem manter a fidelidade de sua torcida. Se no passado o time chegou a ser o primeiro do futebol gaúcho a excursionar pela Europa, com direito a empate contra o poderoso Real Madrid de Di Stefano, hoje ele está longe de ser uma força entre os clubes do estado.

O cemitério João XXIII manteve parte da arquibancadas da Colina Melancólica (Foto: Porto dos Casais)
O cemitério João XXIII manteve parte da arquibancada da Colina Melancólica (Foto: Porto dos Casais)

Num agravamento de suas finanças nas décadas seguintes, o Cruzeiro precisou vender o estádio Estrelão em 2010 para uma construtora, que construiu uma nova casa para o clube em Cachoeirinha, na Região Metropolitana de Porto Alegre, com 15 mil lugares.

Se o Cruzeiro definhou, o cemitério só cresceu. Virou referência internacional, sendo a maior necrópole em concreto armado do mundo. Claro, essa clientela não se esgota. Entre eles, estão vários ex-jogadores do time que chegaram a atuar no antigo estádio.

Por ironia, parte das arquibancadas da Colina Melancólica nunca foram retiradas do morro. Seguem lá, diante dos jazigos. Como se servissem de vista para um jogo em outro plano.

A Colina Melancólica foi palco de futebol de 1941 a 1970, até virar cemitério (Foto: Clic RBS)
A Colina Melancólica foi palco de futebol de 1941 a 1970, até virar cemitério (Foto: Clic RBS)

> Veja matéria sobre a decadência do Cruzeiro-RS na revista Placar de 22/6/1987.

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