Colecionador tem quase todas as camisas do Juventus da Mooca a partir de 1971
Segundo Hamilton Kuniochi, 99% da coleção está completa, faltando alguns poucos itens
Hamilton Kuniochi está quase sempre vestido com camisas do Juventus da Mooca. Exceto no trabalho, por necessidade. “Quando estou sem, até estranham”, conta o servidor público. Também, pudera. Ele é possivelmente o maior colecionador de camisas do clube de São Paulo. Até esta entrevista, eram cerca de 250, reunindo praticamente todos os modelos titulares das últimas cinco décadas, a partir de 1971.
Boa parte das blusas foi adquirida em grupos de colecionadores nas redes sociais. “Como todo mundo sabe que meu foco de coleção é o Juventus, sempre me dão prioridade e esperam eu me manifestar, como se todos reservassem a camisa para mim. Isso é muito legal”, agradece o paulistano de 33 anos.
“Quando estou sem camisas do Juventus, até estranham”. (Hamilton Kuniochi)
Mais da metade são camisas grenás. Há ainda um bom acervo de blusas de goleiro e agasalhos, além de camisas brancas, a reserva. Como terceira camisa, o Juventus só teve três oficialmente: uma com dois tons de grená (a única que entrou em campo), uma azul polêmica e uma amarela em homenagem ao tetra da seleção brasileira em 1994 – essa uma peça única que caiu em suas mãos.
Camisas mais relevantes da coleção:
1) 1972 – Usada por Roberto Brida em excursão a Grécia;
2) 1974 – Usada em excursão ao Japão e a Hong Kong;
3) 1977 – da Malharia Terres;
4) 1978 – da Athleta, autografada por todo o elenco;
5) 1981 – da Adidas, com mangas longas brancas e o corpo grená;
6) 1983 – da Adidas com gola polo;
7) 1984 – da Adidas, com patrocínio Cartelão de Ouro e estrela de prata;
8) 1986 – da Adidas, usada pelo goleiro Barbirotto;
9) 1997 – da Ulhsport, branca com uma cruz grená atravessando a camisa;
10) 2012 – da MR Sports, de goleiro, usada por Túlio Lima no acesso à Série A2;
11) 2014 – da Umbro, 3ª camisa imitando a do tetra da Seleção, protótipo não lançado.
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Todas essas raridades são expostas no blog de Hamilton, o Manto Juventino. “Um colecionador chileno já me mandou um email querendo saber o ano de uma camisa que possuía. Era um modelo Adidas com um patrocínio não usado pelo time profissional, que acabei comprando”, relata.
Com tanta coisa no acervo, Hamilton participou de quatro exposições de camisas do Juventus, junto com outros colecionadores. Três na sede social e uma no estádio, durante jogo contra o Santos pela Copa Paulista. “Minha coleção está 99% completa”, avalia.
Entre as poucas camisas que faltam, uma fabricada pela SportAção em 2000, uma da UFSport de 1997, uma da Hawk de 1995 com patrocínio da corretora Didier e o modelo branco da Firula de 1993 – inspirado na blusa da Áustria na Copa do Mundo de 1990. “Essa camisa eu cheguei a comprar, mas foi extraviada nos Correios. Nunca mais vi outra igual”, lamenta.
Sempre Mooca
Desde sempre morador da Mooca, bairro da zona leste de São Paulo onde está a sede e o estádio do Juventus, Hamilton não era originalmente um torcedor do time. “Comecei a acompanhá-lo como um passeio, há 13 anos. Com o tempo, fui gostando, até abandonar totalmente o clube grande que eu acompanhava antes”, relata, sem citá-lo. “Garanto que a torcida deles não é tão fiel assim como dizem”.
Hamilton não foi o único a abraçar a causa local. “Depois percebi que essa mesma trajetória foi seguida por muitos outros torcedores que não deram a sorte de ser juventinos natos”, constata o paulistano.
“Comecei a acompanhar o Juventus como um passeio, há 13 anos. Com o tempo, fui gostando, até abandonar totalmente o clube grande que eu acompanhava antes”.
Nos últimos anos, o Juventus ganhou força como símbolo cultural de uma São Paulo que não existe mais, o que contribuiu para que seu nome se espalhasse país afora. Hamilton acompanhou todo esse movimento.
“A Mooca, com a especulação imobiliária, cresceu e se apegou a suas origens italianas, tornando-se uma região muito bairrista. Isso passou a ser associado ao Juventus. Vestir a camisa do time virou um sinal de pertencimento, de identidade cultural e social. O clube entendeu o seu papel e começou a se posicionar como uma bandeira do bairro”, resume.
Camisa fictícia
Com tantos anos de colecionismo, Hamilton recebeu uma homenagem em 2018. Uma camisa fictícia do Juventus, inspirada no modelo usado pela Holanda 20 anos antes, na Eurocopa de 1988. A produção foi da loja online Mourasport, do carioca André Moura, especializada em camisas retrô.
“Na virada dos anos 80 para 90, a Adidas brasileira estava a anos-luz da Adidas europeia, que já usava técnicas de sublimação de estampa em tecido sintético”, resgata Hamilton. Pois o Mourasport idealizou o desenho daquela Holanda num modelo fictício do Juventus.
“André não conseguia achar o tom certo para o degradê do grená, pois a camisa convergia para um rosa. Fiquei muito feliz com o resultado final”, comemora o presenteado. Ter uma camisa rara do time de coração é para poucos. Ganhar uma camisa única é para privilegiados.
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