Colecionador tem 1.400 times de botão e joga torneios contra si mesmo desde 1982
Ricardo Tadeu Bucci, de São Paulo, é um verdadeiro louco por futebol de botão
Ricardo Tadeu Bucci carregou para a vida adulta uma paixão de criança: o futebol de botão. Em casa, o jornalista paulista cumpre ao longo do ano uma tradição iniciada muito tempo atrás, em 1982. Utilizando seus 1.400 times de botão, ele disputa contra si mesmo uma sequência de torneios.
Entre eles, as quatro divisões do Campeonato Brasileiro, a Libertadores da América e a Liga dos Campeões da Europa. Todos com 32 times, no formato da Copa do Mundo, com fase de grupos e depois mata-mata, em jogo único com campo neutro. No último dia do ano, ocorre a final intercontinental.
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Peças originais
“Quando comecei, aos 8 anos, motivado pela melhor Copa do Mundo que assisti, os campeonatos eram bem diminutos. Realizava apenas o Brasileiro das Séries A e B, com 20 participantes em cada. Tenho até hoje os campeonatos guardados em papéis surrados”, conta Bucci, hoje com 46 anos.
Todos os times são peças originais de fabricantes antigos de futebol de botão, como Brianezi e Bolagol – alguns mais velhos do que o próprio colecionador.
Além dos campeonatos tradicionais, Bucci realiza o Torneio Master, com times da série de “carinhas” da Gulliver – peças de botão que traziam os rostos dos jogadores das equipes dos anos 70. E, quando o “calendário” permite, há também uma Copa do Mundo de seleções anual.
Quando começou a mania
Quem apresentou o futebol de botão a Bucci foi seu irmão mais velho, em 1978. “Ele ganhou do meu pai os primeiros times. Meu avô paterno também teve grande influência, pois toda semana ele me buscava para comprar botões numa banca de jornal”, relembra o morador de São Paulo.
Depois do período de paixão entre 1982 e 1995, Bucci viveu um hiato de 15 anos até 2010. Em 2011, voltou a comprar times de botão antigos, então os campeonatos ressurgiram – e com maior proporção. “Antigamente a intenção era apenas brincar. Hoje este lado lúdico se mistura com o colecionismo”.
“Meu avô paterno teve grande influência, pois toda semana ele me buscava para comprar botões numa banca de jornal”. (Ricardo Tadeu Bucci)
Relíquias da coleção
No momento desta entrevista ao Verminosos por Futebol, Bucci tinha 411 times da marca Brianezi; 130 da Bolagol, da empresa Santa Maria; e os 27 da série de “carinhas” da Gulliver. Seu jogo mais antigo é um do São Paulo da década de 1940, da marca Futebol Miniatura, da Santa Maria.
“Adquiro antiguidades de qualquer marca de botão. O problema maior hoje em colecionar Brianezi é que boa parte dos revendedores são colecionadores, que inflacionam de forma proposital tais itens, com preços extremamente abusivos e surreais para um país pobre como o nosso”, reflete.
Na virada das décadas de 1970 e 1980, a Brianezi vendia botões de 250 times. “O seu diferencial era a qualidade do celuloide”, elogia Bucci. A marca mais querida do botonismo entrou em declínio no início dos anos 2000, com a concorrência dos videogames e a pressão por direitos de imagem.
Como são os campeonatos?
Os torneios de Bucci contam com duas partidas por dia, com 15 minutos cada, e duram um mês. “Tenho na memória as narrações do meu irmão, que imitava o José Carlos Cicarelli, da TV Cultura. As partidas têm este tempero saudosista, especialmente quando a bolinha bate na trave. No caso é no ‘poste'”, diverte-se.
Bucci diz que nunca favoreceu nenhuma equipe. Nem mesmo o seu Napoli – garante o bisneto de napolitanos que se mudaram para o Brasil. “O que pode ocorrer é apenas ‘lamentar’, quando um time joga melhor que outro e perde, assim como acontece no futebol de verdade”, explica.
Entre os times de botão mais bem-sucedidos nos campeonatos, estão os da Brianezi. Flamengo, Internacional e, principalmente, o Botafogo acumularam mais títulos ao longo das temporadas. Mas as forças em sua mesa não são exatamente as mesmas do mundo real.
“A Caldense-MG já ganhou a Série A duas vezes, o Remo tem um título da Libertadores e o NY Cosmos já foi campeão mundial”, enumera. “O Manchester United tem o ‘melhor jogador do mundo’, o número 09. Nas Copas, a seleção brasileira é a maior detentora, seguida de perto pela Alemanha”.
“A Caldense-MG já ganhou a Série A duas vezes, o Remo tem um título da Libertadores e o NY Cosmos já foi campeão mundial”. (Ricardo Tadeu Bucci)
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Time de botão do Calouros do Ar-CE da Brianezi (Foto: Acervo pessoal)
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Time de botão do extinto Ceub-DF da Brianezi, de 1972 (Foto: Acervo pessoal)
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Time de botão do Remo da Brianezi, de 1977 (Foto: Acervo pessoal)
Tudo no seu site
Todos esses detalhes podem ser encontrados no blog de Bucci dedicado a futebol de botão, o Botões para Sempre, nos links “Meus Campeonatos” e “Meus Campeonatos – Históricos dos Torneios“. “Lá tem um resumo da campanha de cada time e a listagem de todos os campeões na história”, indica.
Por sinal, a final da Série A de 2021 já aconteceu. O Morumbi recebeu o duelo Vasco x Ceub-DF, ambos da Brianezi. “O Ceub é uma das maiores pérolas da coleção, foi produzido em 1972, na época em que foi o primeiro time candango a participar de um Nacional”, destaca. Isso não fez diferença, deu Vasco!
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Muito legal. Eu também jogo botão sozinho e faço campeonatos solo.
Comecei a jogar com 10 anos de idade, em 1986, juntei 250 times, mas perdi todos em mudança, em 1996.
Tive um hiato também, voltando a comprar e jogar em 2009 com meus colegas da empresa Alerta Segurança, em São Paulo.
A partir de 2010 tive que levar meu campo para casa e a fazer os campeonatos sozinho, como fazia na infância.
Minha coleção chega hoje à 220 times, muitos Dallas e Crakes. Também tenho Ki Gol, Botões Clássicos e Botones.
Tenho um canal no youtube, Liga MGB.
Segue abaixo o link:
https://www.youtube.com/channel/UCXTvT7IKByTbcyvXXY3aLVg
Eu conheci o jogo do botão atraves de um irmão mais velho, lá pelos finais dos anos 80. Mas esse jogo do botão nao era meu, era do meu irmão. Acredito que o papai noel deixou debaixo da cama dele em algum natal. O meu pai comprava presente e deixava espalhado pela casa em época de natal. Era inclivel.
Certa de 95% da minha coleçao era Gulliver. Tinhamos Sao Paulo, Corithians, Palmeiras, Santos, Guarani, Ponte Preta, Atletico-MG, Cruzeiro (acrilico, era pra mim dificl de se jogar), Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo, Bahia, Vitoria e outros…
Eu tambem jogava campeonato sozinho. Fazia diversas chaves de 4 times em jogos de ida e volta. Durava varios meses para se saber quem era o campeao. Eu anotava o artilheiro do campeoanto. O campo era um campo que o meu irmão improvisava de uma tabua que ficava debaixo da cama dele. Era bom, bem feito. Eu passava vela na tabua para deslizar. A bola era dois botôes de camisa comuns que colavamos num e outro… Não tenho tantas lembranças de campeões, mas o que nao sai da minha memoria era o toime da Bahia que fez um jogo incrivel contra Sao Paulo com bola na trave e muita emoção em pleno Morumbi (risos), pois todos os jogos eram feitos na tabua, mas infezliesmente o Bahia nao foi pra final e quem foi Sao Paulo.
Por fim, outro detalhe… Cada tempo durava 5 min, ou seja, uma partida inteira durava 10 min… Jogava cerca de 5 jogos ou mais por dia…