Fazia mais de um ano que Elenilson Dantas não faltava ao racha de sábado à tarde. Nenhum dos amigos chegava nem perto dessa marca. Pois justo na manhã de um sábado, morre a avó da esposa, Rosângela Uchôa. Motivo para perder os 100% de presença? Não para Elenilson. Acredite se quiser, o cearense conseguiu adiar o enterro para a manhã de domingo. E então foi bater bola.

Viver ao lado de um verminoso é assim: é casar também com o futebol. Neste Dia da Mulher, para homenagear as esposas (ou noivas ou namoradas) de loucos como Elenilson Dantas, o Verminosos por Futebol produziu um vídeo a partir de fotos encaminhadas por amigos e fontes.

Abaixo, confira também depoimentos de cada verminoso.

Homenagem do Verminosos por Futebol às mulheres de verminosos:

O Verminosos por Futebol perguntou: “Qual foi a maior loucura que você fez a esposa, noiva ou namorada passar por causa do seu verme por futebol?”

“Teve um domingo que a chamei pra ir ao jogo do Fortaleza. Só que não era no PV, nem Castelão. Convenci a ir bem ali, em Limoeiro do Norte. Tava um calor brabo. No intervalo o tempo mudou de repente. Foi muita chuva, com raios e trovões. Mas a melhor história mesmo é a da avó dela que morreu num sábado pela manhã e já queriam sepultar à tarde. Ficou pra domingo.”

Elenilson Dantas, 39, colecionador de camisas de futebol e dono de uma mega antena em que vê jogos de 21 estados e 27 países, marido de Rosângela Uchoa, 32, de Fortaleza.

“Quando éramos recém-casados, passamos férias em Itapema-SC e eu me recordei que cerca de 10 anos antes havia visto uma loja de latas importadas em Balneário Camboriú. Fomos até lá, nos dividimos e varremos o Centro à procura da tal loja, sem sucesso. Duas vezes a encontrei provando roupas nas lojas em vez de me ajudar na caça.”

Thiago Pulzatto, 34, colecionador de latinhas de cerveja de futebol, marido de Cibele Cristina Guimarães Pulzatto, 33, de Birigui-SP.

“Certa vez a Nilceia estava desenvolvendo um projeto em Londres e me ligou para falar que estava à frente de uma livraria especializada em futebol. Ficou caro, mas pedi que ela procurasse um livro da República Tcheca que era um Atlas do Futebol Mundial. Explicar para alguém que não gosta de futebol para procurar e ‘achar’ um livro de um idioma tão diferente foi um desafio enorme… Precisei caprichar no jantar.”

José Renato Santiago, 42, maior colecionador de livros de futebol do Brasil, marido de Nilceia Gamba, 32, de São Paulo.

“Na final da Copa do Brasil 2012, levei minha esposa, totalmente paramentada de Palmeiras, para prestigiar a decisão no reduto palestrino em Fortaleza. Ela, contratariada, foi, mas com a condição de que teríamos de voltar para casa assim que o jogo acabasse. Resultado: Verdão campeão, chegamos em casa apenas de manhã. Ela dormiu 15 minutos e ainda foi trabalhar, furiosa comigo. Passou uma semana sem me dirigir a palavra.”

Fellipe Málaga, 27 anos, marido de Renata Gomes, 27, de Fortaleza.

“A maior loucura foi pedir para ela montar dez bonecos em apenas cinco horas para uma exposição de cubees. Neste dia nem almoçamos, foi uma loucura.”

Christian Gama, 40, designer e colecionador de Cubee Craft de jogadores de futebol, marido de Ana Paula Lima de Oliveira, 33, do Rio de Janeiro.

“Além dela aturar as horas que passo na frente do computador, produzindo conteúdo para o blog que mantenho, uma vez participei de uma matéria sobre futebol de mesa e ela teve que arrumar a casa toda para que pudesse ser o cenário.”

Jonathas Sandes, 31, designer de times de futebol de botão, marido de Alline Sandes, 30, de Aracaju.

“No começo de 2009, estávamos em Curitiba, para o aniversário de 93 anos da minha avó materna. Toda a parentada reunida, expectativa grande, tudo ajeitado, mas só tinha um detalhe: a festa era na hora do jogo do Atlético-PR contra o Paraná, em plena Arena da Baixada! Aí não teve jeito, fomos ao jogo antes, eu e a Rafa. A festa era em Ponta Grossa, que fica a 100 km de Curitiba! Quando chegamos lá, a “veinha” já tava quase dormindo, e o salão já estava quase vazio!

Mauro de França, marido de Rafaelly Gadelha, de Fortaleza.

“A maior de todas as presepadas foi conhecer Buenos Aires de ônibus para chegar ao estádio do Racing, em Avellaneda. Não sabíamos quando saltar e o motorista ainda era Independiente! O Racing venceu e, na saída, pedi carona a um cara que ficou assustado por eu ter levado minha noiva para um local tão distante. Ele não deu a carona e precisamos caminhar muito até encontrar um taxista. Chegamos no hotel de madrugada.”

Ciro Câmara, colecionador de tudo que é tranqueira de futebol, noivo de Déborah Vanessa, de Fortaleza.

“Casamos no dia em que o Brasil conquistou a Copa do Mundo de 1958 na Suécia. Um casamento rápido para ouvir o jogo do Brasil contra a Suécia. Ninguém, inclusive o padre, queria deixar de ouvir a decisão.”

Lauthenay Perdigão, 78, criador do museu do estádio Rei Pelé, marido de Maria Augusta Acioli do Carmo, 74, de Maceió.

“O Rapadura foi jogar em Granjeiro, cidade vizinha a Juazeiro do Norte, quase 600 km de viagem. Fomos em um ônibus estilo escolar, sem conforto algum. Ela viajou comigo, nesse ônibus, foi uma tremenda loucura, pois chegamos triturados. Imagina você ir de Fortaleza para Juazeiro dentro do Grande Circular!”

Guilherme Negreiros, fundador do Rapadura Cearense, time de anões cearense, marido de Joana Darc, de Fortaleza.

“Em setembro do ano passado, encaramos três ônibus e três horas e meia de viagem para realizar um dos meus sonhos futebolísticos em Londres: assistir um jogo e conhecer a sede do Corinthian Casuals FC, o clube que deu origem ao Sport Club Corinthians Paulista. O ‘Timão’ inglês foi derrotado, mas a visita valeu a pena. Pelo menos para mim”.

Thiago Cafardo, 33, namorado de Giselle Dutra, 29, de Fortaleza. Veja a saga deles ao Casuals.

Emmanuel Macêdo, verminoso por futebol inglês com camisas de times até da 2ª divisão, namorado de Paula Bruno, de Fortaleza.

Pedro Igor, colecionador de bonecos minicraques, marido de Vivian Moreira, do Rio de Janeiro.

Nesse caso, o depoimento é da própria Vivian.

“O Pedro teve a ideia de montar um quadro com o tema de futebol para a nossa casa, e me perguntou o que eu achava dele contratar um amigo nosso que é artista. Imediatamente respondi: ‘Não! Porque você não faz um quadro do seu jeito?!’

O Pedro é uma pessoa extremamente criativa, detalhista e dedicada, então eu tinha certeza que faria um bom trabalho. Ele começou a ter diversas ideias de como criar esse quadro. Inicialmente pensou em fazer um quadro de botões, depois de fotos de jogadores de futebol, estádios etc.

A partir disso, ele descobriu os minicraques e não parou por aí. Ele começou a recriar e criar novos minicraques! Fez amizades pelo mundo, na Alemanha, Indonésia, Brasil afora… Não tínhamos a menor ideia de que um quadro que foi feito simplesmente para a nossa casa geraria tanta repercussão pelo mundo!

Ele passou meses acordado durante a madrugada pesquisando rostos, cabelos, camisas de futebol, vídeos de jogos de futebol de todas as décadas. Embora seja muito detalhista, acha que eu tenho o “gosto do povo”. Então, me acordava no meio da madrugada para pedir a minha opinião. Tá parecido o rosto, o nariz, o cabelo?

Ora, acredito que muitas mulheres no meu lugar ficariam sem paciência e muito irritadas, mas eu acordava numa boa, feliz, sabendo que o meu marido estava ao meu lado criando uma coleção tão linda, enquanto a maioria dos homens prefere curtir um barzinho com os amigos e deixar a esposa em casa sozinha.

Só para finalizar… Sou honrada em ter uma marido tão dedicado não somente à coleção de futebol, mas em tudo o que faz.”