Clube Laguna: O primeiro time vegano do Brasil. E o único com uniforme rosa!
O Clube Laguna, com sede em Tibau do Sul (RN), nasceu em 2022 e planeja chegar ao Campeonato Brasileiro
Entre os 7 milhões de adeptos do veganismo no Brasil, quem não tem um time de coração agora possui uma equipe para torcer. É o Clube Laguna, o primeiro time vegano do país (e segundo no mundo), com sede em Tibau do Sul (RN), a cidade da famosa praia de Pipa.
Foi com essa pegada ambientalmente responsável que o Forest Green Rovers, da Inglaterra, tornou-se conhecido em diversos outros países. Agora é a vez do futebol brasileiro entrar na onda.
“Não criamos o Laguna com o intuito de ser um ‘clube vegano’. Criamos um clube de futebol profissional. Ser vegano foi uma consequência, porque é um valor nosso. Dois dos três sócios são veganos, é uma causa que acreditamos, por princípios, e não faria sentido pra nós sermos veganos fora do clube, mas oferecer produtos de origem animal dentro da empresa”, explica Deia Nabinger, um dos sócios.
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Futebol potiguar
Deia e o irmão Gustavo Nabinger, profissional de marketing e educação física, e mais um amigo dele, Rafael Eschiavi, vendedor, juntaram-se no projeto. O clube, formado como Sociedade Anônima do Futebol (SAF), surgiu em abril de 2022 e, no 2º semestre, disputou a 2ª divisão potiguar.
Em sua estreia, o Laguna sagrou-se vice-campeão, ficando atrás do Alecrim apenas no saldo de gols. Com isso, não conseguiu o acesso à elite estadual, destinado somente ao campeão. “O ideia é chegar na primeira divisão para brigar por uma vaga na 4ª divisão do Brasileiro”, planeja Deia.
“Ser vegano foi uma consequência, porque é um valor nosso. Dois dos três sócios são veganos, é uma causa que acreditamos, por princípios, e não faria sentido pra nós sermos veganos fora do clube”. (Deia Nabinger)
Cor diferenciada
Outra curiosidade foi a escolha para as cores do uniforme número 1. O Laguna veste rosa, com detalhes em azul-marinho. Assim, o clube é o único do futebol brasileiro profissional com o rosa no manto titular.
“Queríamos nos destacar no campo, justamente por isso escolhemos uma cor que não é padrão, no Brasil e no mundo. Rosa é uma cor alegre, que combina com nosso slogan ‘Alegria de jogar futebol’. Tem sido super bem aceita!”, conta Deia.
Confira abaixo uma entrevista da sócia-proprietária ao Verminosos por Futebol, concedida em 2022, ainda antes da realização da 2ª divisão potiguar. Se tudo sair conforme os planos, o Laguna terá torcida muito além dos 14 mil habitantes de Tibau.
“Evitaremos ao máximo a utilização de produtos de origem animal”
Verminosos por Futebol – Quando o Clube Laguna foi fundado? De quem foi a iniciativa?
Deia Nabinger – No final de 2020 começamos a trabalhar no projeto do clube, que ganhou um pouco mais de forma em meados de 2021, quando contratamos uma consultoria pra nos ajudar no plano de negócios. A iniciativa foi do Gustavo, esse é o sonho de infância, de vida dele, ter um clube de futebol. Foi ele que plantou a semente e a partir do conhecimento e ideia dele, juntamos o know-how dos outros sócios e começamos a trabalhar. Em maio de 2022 oficializamos a criação da empresa, Clube Laguna SAF, e em agosto o time estava formado e treinando.Verminosos – Onde é a sede do clube? O clube já nasce com qual estrutura?
Deia – O Laguna hoje está em Pipa, no RN, e jogamos a 2ª divisão do campeonato estadual. Por enquanto alugamos um campo pra treinos e jogos, mas a ideia é que eventualmente tenhamos uma estrutura própria.Verminosos – Sendo uma SAF, em que sentido o clube se diferencia dos demais do RN?
Deia – Somos um clube empresa que se enquadra dentro das diretrizes de clube de futebol (por isso SAF, Sociedade Anônima de Futebol), e o que isso significa é que as decisões, contratações e estratégias do clube só dependem de nós, sócios. Conseguimos assim ter processos com continuidade, diferente dos clubes que são associações, que mudam de gestão com frequência.Verminosos – Quais são os planos, para competições profissionais e de base?
Deia – Iniciamos apenas o profissional, na 2ª divisão do campeonato estadual. O plano é chegar na 1ª divisão para brigar por uma vaga na 4ª divisão do Brasileiro. Vamos estruturar as categorias de base com o tempo, provavelmente começando com duas em 2023 e ir crescendo conforme com o tempo.Verminosos – O clube se destaca, sem dúvida, pela defesa da causa vegana. Houve alguma inspiração para isso, de alguma instituição?
Deia – Não criamos o Laguna com o intuito de ser um “clube vegano”. Criamos um clube de futebol profissional. Ser vegano foi uma consequência, porque é um valor nosso. Dois dos três sócios são veganos, é uma causa que acreditamos, por princípios, e não faria sentido pra nós ser veganos fora do clube, mas oferecer produtos de origem animal dentro da empresa. Ser vegano hoje é considerada a ação individual mais efetiva para reduzir o nosso impacto ambiental no planeta. Sabemos que o impacto de um clube inteiro pode ser enorme, queremos monitorar e gerir isso, e ser um clube vegano já é um passo importante.O único outro clube vegano no mundo é o Forest Green Rovers, da Inglaterra, e, sem dúvida, eles são uma inspiração enorme pra gente. Eles são uma empresa extremamente sustentável em todos os sentidos e estão constantemente buscando soluções para reduzir o impacto negativo deles, é esse o caminho que queremos seguir.
“O único outro clube vegano no mundo é o Forest Green Rovers, da Inglaterra, e, sem dúvida, eles são uma inspiração enorme pra gente”. (Deia Nabinger)
Verminosos – De que forma se dará o veganismo no dia a dia do clube? Os jogadores serão incentivados a adotar o veganismo?
Deia – Dentro do que for possível e viável, evitaremos ao máximo a utilização de produtos de origem animal. Isso inclui 100% da alimentação, produtos de limpeza e higiene pessoal oferecidos pelo clube. E não falamos só de veganismo, mas de sustentabilidade como um todo. Damos prioridade para produtos naturais, locais, quando possível, e de baixo impacto ambiental.O uniforme por exemplo ainda não é o ideal: não encontramos na indústria um material pra uniforme esportivo que ofereça performance e que ao mesmo tempo seja livre de plástico. O problema nesse caso é que toda roupa que possui poliéster, por exemplo, libera micropartículas de plástico na água toda vez que é lavada, e essas micropartículas são praticamente impossíveis de filtrar e acabam nos rios e oceanos. Hoje praticamente toda água que a gente bebe contém microplásticos. Animais marinhos também não se livram do problema. Além disso, mesmo que o uniforme utilize poliéster reciclado, sempre que existe mistura de materiais (algodão + poliéster, por exemplo), é muito difícil de reciclar. Ou seja, estamos evitando que garrafas de plástico vão para o aterro, sim, mas ao mesmo tempo estamos criando um produto que dificilmente poderá ser reciclado ou degradado no futuro. Enfim, quanto mais recursos tivermos, mais poderemos investir em soluções.
Mas de volta ao veganismo, os jogadores não precisam ser veganos, mas toda alimentação oferecida no clube e a base de plantas, e eles têm recebido bem, têm elogiado o sabor, percebido a digestão mais fácil, a recuperação pós treino. Acreditamos que isso já seja um incentivo, mas eles são livres para fazerem as escolhas deles.
Verminosos – Há uma certa contestação do público, sobretudo o leigo, sobre a possibilidade de o veganismo interferir na condição física de atletas. O que vocês têm a dizer sobre isso?
Deia – Sempre vai ter. Existe um estigma sobre o veganismo, uma questão que todo vegano já ouviu: “Mas e a proteína?”. A questão é que hoje já está mais do que provado que a alimentação à base de planta é extremamente benéfica para atletas de alta performance. Grandes nomes da elite de vários esportes são veganos (Djokovic, Hamilton, Carol e Macris, apenas pra citar alguns exemplos clássicos). Além disso, nossos atletas têm acompanhamento nutricional e médico. Vamos sempre tentar informar o público através dos canais que tivermos ao nosso alcance, e com o tempo acreditamos que esses mitos vão desaparecer.Verminosos – Vocês acreditam que esse título de primeiro clube vegano do Brasil atrairá um público admirador vinculado ao veganismo? Já têm sentido isso?
Deia – Já temos sentido isso sim! Muita gente tem comentado no nosso Instagram que agora vão ter um time pra torcer. Como falamos lá no começo, queremos nos destacar pelo futebol, mas com certeza vamos abraçar o apoio do público vegano, porque esses já acreditam no nosso potencial desde o começo e isso significa muito pra gente!“Hoje já está mais do que provado que a alimentação à base de planta é extremamente benéfica para atletas de alta performance”. (Deia Nabinger)
Verminosos – A escolha da cor rosa para o uniforme, o que também é incomum no futebol brasileiro, teve algum significado também?
Deia – Queríamos nos destacar no campo, justamente por isso escolhemos uma cor que não é padrão, no Brasil e no mundo. Além disso, rosa é uma cor alegre, que combina com nosso slogan “Alegria de jogar futebol”. Tem sido super bem aceita!Verminosos – Uma última curiosidade: Por que “Laguna”?
Deia – Cerca de 12 anos atrás os sócios Gustavo e Rafael tiveram um projeto social ligado ao futebol na cidade de Paulínia, interior de São Paulo. Os treinos eram perto de um lago, e quando fizeram uma votação entre os jogadores, eles escolheram Laguna. Aquele projeto teve um impacto social enorme na comunidade e marcou muito o Gu e o Rafa. Queremos trazer os aprendizados daquele projeto pro Laguna, do futebol como ferramenta de transformação social e ambiental. Então resolvemos resgatar o nome, levar o Laguna adiante, agora no futebol profissional, mas ainda com os mesmos princípios.Quem são os sócio-proprietários:
• Deia Nabinger, 35 anos, gaúcha, formada em Marketing e Sustentabilidade – diretora de Novos Negócios, Impacto e Sustentabilidade no Clube Laguna.
• Gustavo Nabinger, 38 anos, gaúcho, profissional de Marketing e Educação Física e treinador profissional pela CBF – treinador e diretor de futebol do Clube Laguna.
• Rafael Eschiavi, 42 anos, paulista, vendedor – presidente do Clube Laguna.
Curiosidade:
O futebol brasileiro já contou com um clube profissional que veste rosa como cor predominante do uniforme titular. É o centenário Clube Esportivo Rio Branco, de Campos dos Goytacazes (RJ), que está afastado das competições profissionais, mas que segue na ativa no amadorismo.
Perfil:
Nome: Clube Laguna Sociedade Anônima do Futebol
Fundação: 2 de abril de 2022
Cidade: Tibau do Sul (RN)
Presidente: Rafael Eschiavi
Treinador: Gustavo Nabinger
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O CE Rio Branco da minha cidade,Campos dos Goytacazes,também usa rosa. As cores do escudo são rosa e preto e foi fundado em 1912,com essas mesmas cores. O uniforme número 1 é todo rosa. Uma pena,é que o Rio Branco está afastado das competições profissionais,há uns 15 anos.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Clube_Esportivo_Rio_Branco
https://www.instagram.com/clubeesportivoriobrancooficial/