Este cara joga contra si mesmo torneios com 782 times de futebol de botão
Jorginho, “O Lendário”, é o Senhor de um mundo particular do futebol de botão
Em seis anos no ar, o Verminosos por Futebol já conheceu muitos loucos por futebol. Cada um com sua mania. Possivelmente, nenhum chega aos pés de Jorge Rodrigues Gomes Neto. Jorginho, “O Lendário”, como se autointitula, levou ao extremo a paixão por futebol de botão. Ele joga, sozinho, uma série de torneios que reúnem 782 times e seleções.
É isso mesmo, Jorginho faz uma jogada com um time, depois passa para o outro lado da mesa para contra-atacar com o adversário. Ok, outros fãs de botão solitários também fazem isso. Este carioca de 39 anos, no entanto, segue uma organização ímpar. Todos os resultados dos campeonatos são anotados em papéis, desde a primeira disputa em 1988.
Foi naquele ano que Jorginho se fissurou em futebol de botão. Até 1994, seus torneios foram realizados dentro de um mesmo ano. A partir daí o negócio tomou proporção enorme, então a temporada de 1995 só acabou em 2004. A temporada de 2005, que ocupa um segundo caderno cheinho de jogos, ainda não foi finalizada, e não tem data certa para isso.
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Esse é um mundo à parte para Jorginho. E o futebol é comandado pela Confederação Jorjônica de Futebol (CJF). O “presidente” garante, não há favorecimentos a nenhum time. “Tanto que, nesses 30 anos, o meu Fluminense nunca foi campeão de nada. Só no ‘meu mundo’ é possível que um pequeno clube da Oceania vença uma grande representação europeia”, sinaliza.
Técnico administrativo da Casa da Moeda do Brasil e formado em Letras Português/Espanhol pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Jorginho incorporou a alcunha “O Lendário”. Não à toa. O cara já estrelou em 2016 o programa Domingo Show, da Record, quando exibiu suas capacidades extraordinárias.
Jorginho pode calcular em qual dia da semana caiu qualquer data desde o ano de 600, sabe contar rapidamente quantas letras tem qualquer palavra no português e aprendeu aos 4 anos todas as bandeiras e capitais de países. Graças a isso, ganhou de Geraldo Luis o apelido de “Homem Cérebro”. “Tenho habilidades mentais fora do comum”, gaba-se.
“Não favoreço nenhum time. Tanto que, nesses 30 anos, o meu Fluminense nunca foi campeão de nada”. (Jorginho O Lendário)
Jogador e narrador!
Além de jogar futebol de botão contra si mesmo, numa sequência de milhares de partidas entre times e seleções ao longo de anos, Jorginho ainda faz a narração e os comentários. “Pronuncio corretamente os nomes das equipes em suas línguas locais”, detalha. Como mora numa vila no bairro de Campinho, no Rio de Janeiro, volta e meia ele ouve dos vizinhos: “Jorgiiinho, quanto tá o jogo?” A galera não perdoa!
Confira abaixo a entrevista.
“Sonho em ir para o Guinness Book”
Verminosos por Futebol – Quando começou a jogar futebol de botão?
Jorginho O Lendário – Comecei minhas primeiras palhetadas com 7 pra 8 anos, com um amigo 3 anos mais velho e que não me ensinava a jogar, só me goleava. Até que, em 1988, quando tinha 9 anos, ganhei da minha mãe meu primeiro time, o Bahia. Daí treinei sozinho, e após um 4×3 histórico para mim, nunca mais fui derrotado por ele.Verminosos – Você tem quantos times de botão?
Jorginho – Na minha coleção não há equipes repetidas, são 782 representações diferentes. São 138 seleções (Oceania: 18; África, Ásia e Concacaf: 24 cada; América do Sul: 12; e Europa: 36). Em relação aos clubes, tenho 644 divididos da seguinte forma: Oceania, África, Ásia e Concacaf têm 34 clubes cada, 338 da América do Sul e 170 da Europa.Verminosos – Como são essas partidas que você joga sozinho?
Jorginho – Cada partida tem a duração de 5 minutos em tempo único. Quem joga à minha esquerda é o mandante e sempre dá a saída. Em caso de algum empate que necessite de um desempate, parto para a morte súbita, jogada sem tempo limite. Assim sendo, recorro a um dado para ver quem dará a saída e marco o placar em algarismo romano para diferenciar de os jogos resolvidos no tempo regulamentar. Não tenho uma regularidade para jogar por conta do trabalho e de alguns outros afazeres, mas quando o faço, costumo jogar 12 partidas, porém, dependendo da fórmula de disputa do campeonato, posso jogar até 18 para evitar que algum mata-mata, triangular ou quadrangular fique em aberto.Verminosos – Você “rouba” quando joga contra si mesmo? Enrola em favor de times menores?
Jorginho – Jamais, o time pode ser um gigante ou um nanico que jogarei da mesma forma. Mesmo jogando desde 1988, o meu Fluminense nunca foi campeão de nada. Não haveria graça nenhuma em favorecer a qualquer equipe. Só no “meu mundo” é possível que um pequeno clube da Oceania vença uma grande representação europeia.Verminosos – Você costuma vestir as camisas da tua coleção do mesmo time que está jogando?
Jorginho – Não poderia, pois há camisas cujo time de botão não possuo e vice-versa. Fora que eu iria suar muitas camisas, já que jogo de 12 a 18 partidas quando tenho a oportunidade.> Jorginho tinha, no momento da entrevista, 802 camisas de futebol, e todo dia vai ao trabalho, na Casa da Moeda do Brasil, onde é técnico administrativo desde 2011, vestindo uma diferente. Assim, ele demora três anos para repetir alguma blusa.
Verminosos – Desde 1988, foram quantas partidas jogadas sozinho?
Jorginho – Estou na 62ª folha do meu atual caderno, o segundo, que é dos grandes, com 36 linhas divididas em 3 colunas por página. Cada folha possui uma média entre 72 e 105 jogos, então fazendo um pequeno arredondamento de 90 jogos em 60 folhas, teríamos 5.400 jogos. Sem contar que tenho um outro caderno, menor, que abrange entre 1993 e 1995, e que entre 1988 e 1993 eu anotava em folhas soltas. Essa é uma das razões que me fazem sonhar em ir para o Guinness Book!Verminosos – Você não tem nenhum irmão ou amigo que toparia fazer essas partidas contigo?
Jorginho – Tenho apenas uma irmã que odeia futebol. Meus amigos cresceram, se casaram/se mudaram/tiveram filhos e não jogam mais, e eu só faço essas partidas sozinho. Se eu jogasse contra outras pessoas, seriam jogos à parte, amistosos.Verminosos – Já que está jogando sozinho, você costuma narrá-las também?
Jorginho – Sim, narro e comento cada partida integralmente, fazendo questão de pronunciar corretamente os nomes das equipes em suas línguas locais. Acho que cada um de nós, amantes do futebol, acaba por pegar frases, chavões, dos narradores mais conhecidos. Eu misturo Galvão Bueno, Silvio Luiz, José Carlos Araújo, dentre outros, mas tenho minhas próprias falas, meus próprios jargões. Antes dos jogos descrevo pontos fortes e fracos, jogos recentes e maiores títulos das equipes que vão a campo. Como moro em vila, já houve gente que passou perguntando em voz alta: “Jorgiiinho, quanto tá o jogo?” E não é que eu respondo!“Eu misturo Galvão Bueno, Silvio Luiz, José Carlos Araújo, dentre outros, mas tenho minhas próprias falas, meus próprios jargões”.
Verminosos – Dentre os campeonatos que você realiza, qual o maior?
Jorginho – O meu maior campeonato nacional é o Brasileiro. Na temporada passada, eram 7 divisões com 16 clubes cada e a oitava divisão possuía 9 clubes. Como a CJF (Confederação Jorjônica de Futebol) cresceu, tive que mudar a fórmula: agora são 48 clubes divididos em 16 triangulares, 47 oriundos de todos os estaduais, além do último campeão brasileiro. Com 243 equipes brasileiras, eu não poderia fazer algo muito diferente disso. Meu segundo maior campeonato nacional é o Italiano, com 27 times.Verminosos – Quanto tempo dura a temporada com todos os campeonatos que realiza?
Jorginho – Atualmente, não há a menor hipótese de realizar tudo isso em um só ano, eu conseguia isso entre 1989 e 1994. A temporada passada durou de 16/12/1995 a 19/02/2004, e a atual, sem previsão de ano para acabar, começou em 07/04/2005. Calculando que minha temporada atual venha a ter 32 páginas, com uma média de 90 jogos em cada, serão cerca de 2.880 jogos. Só o Supremo, o maior dentre todos os meus campeonatos, deverá contar com 873 partidas.Verminosos – O Supremo envolve todos os times e seleções misturados, ou somente os times?
Jorginho – O Supremo envolve todas as minhas equipes, sejam elas clubes ou seleções, sendo possíveis duelos como Argentina x Ba (clube das Ilhas Fiji) ou Itália x Maranhão. A penúltima edição contou 360 equipes e a última (que durou 2 anos, 1 mês e 13 dias) teve a participação de 550 representações. A atual conta com 782. Eu realizo essa competição após terminar toda a chamada temporada regular, que abrange, primeiramente, os campeonatos de seleções e, depois, os de clubes. Aí faço uma decisão entre o campeão da Copa do Mundo e o do Mundial de Clubes, dando-lhe o título de Campeão Intercontinental, o 2° mais importante dentre todos, abaixo apenas do Supremo, que é iniciado logo após essa decisão, sendo este o último certame de toda uma temporada.“O Supremo envolve todas as minhas equipes, sejam elas clubes ou seleções, sendo possíveis duelos como Argentina x Ba (clube das Ilhas Fiji) ou Itália x Maranhão”.
Verminosos – O que tua família acha sobre tudo isso?
Jorginho – Moro apenas com minha irmã, sou solteiro e não tenho namorada, minha mãe se foi há três anos e meu pai não mora conosco. Mas resumindo, há um misto dos que considerem isso uma loucura, com aqueles que veem isso como uma grande besteira e outros que compreendem que isso represente uma boa parte do meu mundo particular. A maior reclamação, na verdade, sempre foi devido ao espaço que ocupo, mesmo eu sendo bastante organizado.Verminosos – Por que o apelido O Lendário? O pessoal te chama assim?
Jorginho – Na verdade, eu me autointitulei dessa maneira, pois me considero muito diferente das outras pessoas, além de existirem muitas histórias sobre mim, sejam elas verdades ou verdades bem aumentadas. Além disso, foi uma forma de ser facilmente encontrado no então Orkut e no Facebook, pois diferentemente da minha personalidade, meu nome é muito comum. Hoje em dia, um bom número de pessoas me chama assim ao me cumprimentar no trabalho. Pena que quase todos homens!> Siga Jorginho O Lendário no Facebook e no Instagram.
Veja a participação de Jorginho no Domingo Show em 2016:
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