Júlio César Bechtlufft é um felizardo. Foi o primeiro a pegar seu telefone e discar para uma rádio. Com esse mérito, arrematou uma relíquia que todo torcedor do Flamengo adoraria ter: a última camisa rubro-negra vestida por Zico num jogo oficial, goleada de 5 a 0 sobre o Fluminense, no dia 2 de dezembro de 1989, em Juiz de Fora-MG. Passados 25 anos, ele quer se desfazer dela.

Torcedor do Flamengo, Júlio César foi um dos 13 mil privilegiados que presenciaram a despedida do ídolo, em jogo do Campeonato Brasileiro. Com o apito final, Zico deu a camisa 10 ao vice-presidente do clube, Jorge Helau, que a presenteou ao prefeito Carlos Alberto Bejani. Decidido a fazer boa ação, o político aproveitou o tesouro que chegou a suas mãos.

Juiz de Fora vivia estado de calamidade após chuva. Por isso, o prefeito lançou uma campanha: o primeiro que telefonasse a uma rádio e entregasse 50 kg de alimentos aos desabrigados levaria a camisa. Júlio César foi o sortudo. “Doei 50 kg de arroz, 50 kg de feijão, 70 kg de mortadela e 1.000 pães. Isso daria R$ 3 mil hoje”, relembra o mineiro, de 45 anos.

A camisa, autografada pelo ídolo, ficou então no guarda-roupa de Júlio César. E, há cerca de 10 anos, foi emoldurada, junto com um recorte de jornal da época. “Quando Zico passou por Juiz de Fora para inaugurar sua escolinha de futebol, ela ganhou uma segunda assinatura”, relata o torcedor, atualmente corretor imobiliário em Praia Grande-SP.

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Por pouco a camisa não saiu das mãos de Júlio César há cerca de 10 anos. Ele negociava para leiloá-la no Teleton, campanha beneficente anual do SBT, mas um desentendimento desfez o acordo. “Eu ficaria com 40% e eles com 60%. Depois de tudo acertado, queriam que eu recebesse somente 10%. Aí não topei e nunca mais divulguei a camisa”, conta o rubro-negro.

Apesar de estar decidido a vendê-la, Júlio César não tem um preço certo na cabeça. Com base no leilão de uma camisa de Pelé usada na Copa do Mundo de 1970, arrematada por R$ 528 mil, o torcedor calcula que sua peça deva custar cerca de R$ 300 mil. Quem sabe nem chegue a tanto, mas que essa relíquia vale muuuuito dinheiro, ah isso vale.

Doei 50 kg de arroz, 50 kg de feijão, 70 kg de mortadela e 1.000 pães. Isso daria R$ 3 mil hoje. E assim levei a camisa de Zico para casa”. Júlio César Bechtlufft.

Veja como foi o jogo de despedida de Zico:

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