Juha Tamminen: O finlandês que fez fotos históricas do futebol brasileiro
O fotógrafo Juha Tamminen resgata histórias da carreira que hoje é celebrada na internet
Por Danilo Dias
Todo fanático por futebol já deve ter um dia se deparado com algum registro assinado por Juha Tamminen, fotógrafo nascido na Finlândia que há mais de quatro décadas dedica sua carreira ao futebol.
Foi na década de 1980 que o fotógrafo veio ao Brasil e iniciou registros fotográficos que são, hoje, um tesouro para visualizar e sentir, de certa forma, o que era o esporte naqueles tempos.
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O Juha “olheiro” de futebol
Obtivemos contato com Juha a partir de Marcos Túlio Bandeira. Hoje advogado, ele tem uma história curiosa para contar, que foi sua empreitada no futebol. No início da década de 1990, Túlio saiu do Rio de Janeiro para atuar no Bragantino. Juha foi até Bragança Paulista e conheceu os jovens jogadores daquele elenco.
O finlandês sugeriu aos diretores do FC Jazz de Pori, seu clube local, levar brasileiros para atuar no país. A diretoria aceitou, e fechou contrato com Túlio, Piracaia, Luiz Antônio e Rodrigo Martins. Túlio retornou logo ao país, e mudou de profissão após concluir a faculdade de Direito, mas os outros três seguiram na Finlândia.
Sendo o clube mais brasileiro entre os finlandeses, o FC Jazz viveu neste período o melhor momento de sua história, conquistando por duas vezes o Campeonato Finlandês, além de chegar às eliminatórias da Champions League na temporada 1997-98.
Reconhecimento no Brasil
Antes desse feito, Juha Tamminen já tinha uma carreira sólida como fotógrafo internacional. Na década de 1980, na América do Sul, e sobretudo no Brasil, ele sempre era bem recebido nos campos que visitava para fazer suas fotografias. Mesmo no Maracanã, o maior templo esportivo do continente.
“Era engraçado. Como eu era o único gringo fotografando, todos me conheciam. Nos portões, eu nem precisava mostrar minha carteira. Quando me pediam a carteira, era só porque o rapaz da Arfoc (Associação Profissional dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Rio de Janeiro) tinha esquecido como se escrevia meu nome”, conta.
“Como eu era o único gringo fotografando, todos me conheciam. Nos portões, eu nem precisava mostrar minha carteira”. (Juha Tamminen)
Digitalização do acervo
Juha explica que registros antigos de futebol como os seus existem aos montes, diferentemente do que muita gente pensa, mas que não chegam ao grande público por escolha dos proprietários.
“Muitos fotógrafos trabalhavam para os meios de comunicação, e tudo o que era registrado ficou como posse desses jornais e agências. Como a digitalização e disponibilização deste material são onerosas, de difícil execução e não dá retorno financeiro, não é uma prática incentivada pelos possuidores dessas imagens”, justifica.
O fotógrafo presume que existem verdadeiros tesouros arquivados nas redações. “A única coisa que faço de diferente é digitalizar meu arquivo, e posso fazer isso porque tudo é meu, sempre trabalhei como independente”.
Juha dedica o inverno finlandês, período sem atividade futebolística no país, para digitalizar seu arquivo pessoal e disponibilizar nas redes sociais. Assim, ele mantém viva a história que registrou durante mais de 40 anos na profissão, em mais de 50 países da América do Sul e da Europa.
“Posso digitalizar meu arquivo porque tudo é meu, sempre trabalhei como independente”. (Juha Tamminen)
A carreira hoje
Juha Tamminen hoje fotografa predominantemente a seleção de seu país nos compromissos internacionais. A seleção finlandesa de futebol teve algum avanço nos últimos anos, apesar do hóquei no gelo ainda ser o esporte mais popular.
O selecionado Suomi fez sua estreia na Euro em 2021, mas mesmo com o acréscimo de vagas para o Mundial de 2026, Juha ainda não acredita que a equipe seja favorita a uma possível vaga.
“A Ásia e a África são as maiores beneficiadas pelo acréscimo de seleções. Temos maiores chances de classificação para a próxima Euro”, avalia.
Juha lamenta a falta de importância dada ao registro fotográfico do futebol, por parte de quem deveria valorizá-lo. “Os dirigentes e as editoras não dão valor a isso, por não haver retorno financeiro”, aponta.
Nem tudo é dinheiro, porém. Se a história do futebol dos anos 1980 para cá é ilustrada, muito devemos à figura de Juha Tamminen, um apaixonado por futebol que presta até hoje seus serviços de utilidade pública, digitalizando seu acervo para o mundo. Ele já pode dizer – apesar de sua humildade não permitir – que deixou um legado para o futebol.
> Danilo Dias, 32 anos, é jornalista esportivo paulistano e estudante de Direito. Também é formado em Tecnologia em Futebol e pesquisador da história dos antigos estádios de São Paulo. Apresentou programas e escreveu para o Mais Cinco Minutos, foi comentarista esportivo e redator na Web Rádio Poliesportiva e hoje, além de atuar na comunicação de instituições do Terceiro Setor em São Paulo, é freelancer. Escritor, seu livro “Aqui de Jogava Futebol” está em processo de finalização.
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