O duelo América x Íbis que valeu troféu
Relembre o dia em que o Íbis quase foi campeão, no Torneio Início de 1970

Por Roberto Vieira, do O Blog do Roberto.
José Alexandre Borges sabia tudo de futebol.
Sócio remido e ex-treinador das divisões de base do Clube Náutico Capibaribe, a sua participação na fuga do lateral Gena, ainda juvenil, dos Aflitos para o Botafogo-RJ, foi tema de caça às bruxas nos idos de José Porfírio e Eládio de Barros Carvalho.
Tempo que passa, em 1970, Alexandre, ex-congressista da UNE no auge da ditadura brasileira, comandava o América no Torneio Início.
O Santa Cruz trazia Gilberto no gol, Luciano com Givanildo Oliveira no meio campo e Ramon e Fernando Santana no ataque.
O Náutico tinha Bita.
O Sport vinha de Miltão, Baixa e Altair. Alexandre passou noites em claro imaginando como poderia surpreender no certame.
Quem sabe apostando nos milagres de Jagunço, antigo goleiro e paredão do Íbis?
Ou então, confiando na habilidade de Evaldo?
A Ilha do Retiro lotada.
O primeiro jogo é disputado sob um sol de rachar o juízo.
Diante do América, o valoroso Central de Félix, Borges, Fernando Silva e Brito. Alexandre Borges arma sua equipe com Jagunço; Teco, Fernando, Ivan e Jaminho; Batista e Marivaldo; Manuelzinho, Edson, Evaldo e Paulinho.
A ordem é atacar.
Em vinte minutos alucinantes, o América marca dois gols nas redes de Félix – nada a ver com Félix Emerenciano, titular da Copa de 70 – através do centroavante Evaldo.
Dois gols que botam foco na torcida esmeraldina nas arquibancadas.
Pra ajudar, o Náutico perde por 1 a 0 para o Santo Amaro e o Sport é desclassificado nos pênaltis diante do Ferroviário.

Pouco depois, a grande surpresa da tarde acontece no jogo Íbis x Santa Cruz.
O arqueiro Lino segura tudo e o tricolor do técnico Duque vai pra casa mais cedo.
O craque Luciano desperdiça duas penalidades máximas; o simpático Ugiéte balança as redes do arqueiro Gilberto quatro vezes.
O América surge como favorito do torneio após a eliminação de Náutico, Sport e Santa Cruz.
O técnico Alexandre Borges então realiza duas modificações no segundo jogo: saca Jaminho e coloca Duda na lateral-esquerda, tira Paulinho e lança Geraldo na ponta esquerda.
E é justamente Geraldo quem define o placar de 1 a 0 diante do Santo Amaro – o arqueiro Nunes do Vovozinhas assistindo o couro beijando discretamente o barbante.
Como o Pássaro Preto desclassifica o Ferroviário nos pênaltis, a final colocará frente a frente esmeraldinos e ibienses na Ilha do Retiro.

O América buscando seu décimo título – primeiro Torneio Início.
O Íbis em busca de reconquistar o certame ganho em 1948 e 1950.
Alexandre Borges gostaria de manter a mesma equipe que eliminara o Santo Amaro, mas Batista talvez não acompanhasse o ritmo de Júlio e Admilsson, meio-campistas do Íbis.
Então, na vaga de Batista, entra Ideltônio.
Toque de classe, a arbitragem da final fica por conta do juiz Manoel Amaro, o mesmo do milésimo gol de Pelé em 1969, no Maracanã.
Em campo, a superioridade do América é flagrante.
O “sentido de conjunto e a boa distribuição dos jogadores em campo”, segundo jornais da época, deixaram o adversário sem ação.
O goleiro Lino faz milagre em cima de milagre – o Íbis buscando uma nova decisão nas penalidades – porém, Geraldo e Marinaldo decidem a final nos noventa minutos: América 2 a 0.
Cabe exatamente a Marinaldo, autor do gol do título, a honra de erguer o troféu de campeão do Torneio Início de 1970.
Foi o último título do América Futebol Clube.
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3 respostas para “O duelo América x Íbis que valeu troféu”
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O repórter sabe me informar o nome completo de Ideltonio?
A despeito da bela reportagem sobre estes dois tradicionais de Pernambuco, gostaria de fazer uma retificação.
Em uma das fotos acima, consta que esse foi o último título do américa, quando na verdade, o último título desse amado clube, foi a Taça Recife de 1975.
Tá feito o registro, José. Vou passar a informação ao Roberto. Obrigado!