Virou mais um símbolo da cidade de São Paulo. Entre fãs de futebol, é difícil ficar indiferente às diversas ilustrações de Pelé beijando personalidades. São tantas, em tantos bairros, que o autor da série Pelé Beijoqueiro já nem chuta. “Perdi as contas”, admite o designer e artista Luis Bueno.

A série reúne Pelé ao lado de Mona Lisa, de Leonardo Da Vinci; o robô C3PO, dos filmes Star Wars; a heroína Mulher Maravilha, o pintor Salvador Dalí, os músicos Bob Marley e David Bowie e os integrantes dos Beatles. São cerca de 20 modelos, sempre com o Rei dando um beijoca na bochecha deles.

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Intervenção artística

As ilustrações, com diferentes tamanhos, são exibidas em muros públicos e privados. As primeiras vieram em 2010, nos bairros Bela Vista e Aclimação. “Eu já tinha feito trabalhos na rua antes desta série, e resolvi levá-la para as ruas também”, relembra Bueno, de 38 anos, natural de Guararema (SP).

De lá pra cá, o artista nunca mais parou. As ilustrações mais fotografadas, conta, foram as feitas na avenida Paulista, coração financeiro de São Paulo, e no Beco do Batman, região do bairro boêmio da Vila Madalena tomada por intervenções em muros. “Tenho carinho especial pela Mona Lisa, que foi a primeira”, indica.

Qual a fotografia original?

A ilustração é baseada numa fotografia registrada em 1977, no jogo de despedida de Pelé. Na ocasião, um amistoso do Cosmos contra o Santos em Nova York, Pelé deu um beijo no rosto do boxeador Muhammad Ali. “O resultado é uma pintura digital, uma mistura de foto com ilustração”, explica.

Bueno utiliza na série a técnica do lambe-lambe. Nela, o desenho é feito num papel, que depois é fixado na parede com cola diluída em água. “Em geral, o trabalho de produção é feito anteriormente, e na rua se faz a colagem”, aponta o artista, que já passeou pelo spray e o estêncil (em que o spray é aplicado entre uma tela vazada).

“Em geral, o trabalho de produção é feito anteriormente, e na rua se faz a colagem”. (Luis Bueno)

Quando a arte mede entre 50cm a 80cm de altura, o desenho é elaborado numa única peça de papel. Sendo maior do que isso, a imagem é fragmentada em diferentes partes. Alguns murais chegam a cinco metros. “Sou eu quem financio minha produção de rua, assim como a maioria dos artistas”, salienta.

Reconhecimento

A fama do Pelé Beijoqueiro se espalhou pelo mundo. Já há desenhos no Rio de Janeiro, na ilha de Marajó (PA), em Santiago e em Londres, além de muitas outras cidades. “Já fiz centenas de ilustrações”, estima. Também é possível comprar pôsteres da série de 30cm x 40cm, por R$ 80, no site do artista.

Com esse reconhecimento todo, as próprias redes sociais do Rei e do Museu Pelé já divulgaram as ilustrações de Bueno. “Virou meu trabalho mais conhecido”, constata o artista, que entende que Pelé não é tão valorizado quanto deveria em sua terra.

“O Brasil é um país onde infelizmente não se cultivam as memórias e a história. E, quando se tem uma perspectiva histórica do que Pelé alcançou, não há como não o admirar”, avalia o torcedor são-paulino. Nenhuma homenagem estaria à altura dos feitos do homem de mil gols. Nem mil ilustrações.

Confira algumas ilustrações:

Serviço:

Site de Luis Bueno
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