Os editores de esportes dos jornais de Maceió estão entre os mais felizes do Brasil. Elaborar uma manchete em espaço curto é geralmente fácil. Afinal, dentre os nove clubes que disputaram o Campeonato Alagoano de 2015, cinco são conhecidos por siglas: CRB, CSA, CSE, ASA e CEO. Essa sopa de letrinhas é tradição no futebol de Alagoas, de forma única no país.

Há muito tempo é assim, inicialmente com os dois grandes do estado, Clube de Regatas Brasil (CRB) e Centro Sportivo Alagoano (CSA), fundados em 1912 e 1913. Em 1927, na estreia do campeonato local, ambos inscreveram seus times de futebol. E, já naquela época, a população de Alagoas preferiu chamar o Brasil e o Centro pelas respectivas siglas.

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“Não conheço uma explicação para isso”, comenta o jornalista Lauthenay Perdigão, um dos principais pesquisadores do futebol alagoano. “Começou com CRB e CSA, e a imprensa gostou de chamá-los assim”, conta o diretor do Museu dos Esportes de Alagoas, mantido no estádio Rei Pelé, em Maceió.

A escolha curiosa evita trocadilhos. Em 1971, a revista Grandes Clubes Brasileiros, que homenageou uma série de times do país, estampou que o Brasil poderia ser campeão em Alagoas. Soou estranho para quem não é iniciado em esportes. Mais esquisito ainda seria dizer que o Alagoano, possível alcunha para o CSA, é campeão… alagoano.

De lá pra cá, a tradição envolvendo os dois grandes do estado influenciou a forma como ficaram conhecidos CSE (Clube Sociedade Esportiva), fundado em 1947, em Palmeira dos Índios; ASA (Agremiação Sportiva Arapiraquense), criado em 1952, em Arapiraca; e CEO (Centro Esportivo Olhodagüense), lançado em 1953, em Olho D’Água das Flores.

Por serem conhecidos por siglas já desde a fundação, mudanças de nomes ao longo da história exigiram uma certa criatividade dos dirigentes, para que as letras principais fossem as mesmas. O CSE se chamava Centro Social Esportivo até 1997, quando foi refundado por uma série de dívidas. Já o ASA era Associação Sportiva de Arapiraca até 1977.

“A tradição começou com CRB e CSA, e a imprensa gostou de chamá-los assim. Com o tempo, inspirou outros times”. (Lauthenay Perdigão)

Essas siglas eventualmente acabam gerando erros em matérias. Principalmente quando alguém se engana com a semelhança entre CSA e CSE. “Como a diferença entre eles é de apenas uma letra, já houve muitas confusões, principalmente nos jornais. O pessoal às vezes troca CSE por CSA, por força do hábito”, relata Victor Mélo, coordenador de conteúdo do GloboEsporte.com/AL.

Também sobram trocadilhos, sobretudo com o CEO. O CSA, que costuma ter trabalho com o time do interior, volta e meia precisa ouvir um refrão de Luiz Gonzaga: “Olha pro CEO, meu amor…” A moda pode parecer estranha para quem é de fora, mas faz parte do inconsciente coletivo local. “Todos estamos acostumados”, garante Victor. Nisso, o futebol alagoano é diferente.

Clube de Regatas Brasil (CRB)
Fundação: 20/9/1912
Cidade: Maceió
Cores: Vermelho e branco

Centro Sportivo Alagoano (CSA)
Fundação: 7/9/1913
Cidade: Maceió
Cores: Azul e branco

Clube Sociedade Esportiva (CSE)
Fundação: 19/4/1947
Cidade: Palmeira dos Índios-AL
Cores: Vermelho, verde e branco

Agremiação Sportiva Arapiraquense (ASA)
Fundação: 25/9/1952
Cidade: Arapiraca-AL
Cores: Preto e branco

Centro Esportivo Olhodagüense (CEO)
Fundação: 2/12/1953
Cidade: Olho D´Água das Flores-AL
Cores: Vermelho, verde e branco

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