Torcedor já gastou US$ 1 milhão seguindo Flamengo e Brasil mundo afora
Poucos torcedores já viajaram tanto atrás de futebol quanto o publicitário Francisco Moraes
Durante duas décadas, ninguém foi tão fiel ao Flamengo quanto ele. Francisco Moraes seguiu o clube aonde quer que fosse, de 1971 a 1993. Assim, ele viu TODOS os jogos do time. De Tóquio, palco do título mundial, a Bagdá, onde houve um amistoso contra a seleção iraquiana. E, acredite, isso é longe de ser um resumo de toda a história.
A loucura desse piauiense radicado no Rio de Janeiro surgiu em 1967, então com 27 anos, nas Eliminatórias para a Copa do Mundo do México. Os anos seguintes foram pródigos, com a geração tricampeã mundial e o surgimento de um craque chamado Zico. Naturalmente a presença nos estádios, em partidas do Flamengo e da Seleção, virou tradição.
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“Por 22 anos, não perdi jogos do Flamengo em lugar nenhum do mundo, seja oficiais ou amistosos. Depois de 1993, deixei de ir a partidas ‘babas’, porque a grana começou a acabar, mas sigo presente em 90% delas”, conta o publicitário, de 77 anos.
Detalhe: Moraes nunca foi um “torcedor profissional”. “Nunca pedi ou aceitei qualquer ajuda financeira do Flamengo. Sempre paguei meus ingressos e minhas viagens, e por isso tenho o respeito de monstros sagrados do futebol”, destaca.
Não é exagero por parte dele. Faça um resgate de reportagens e documentários sobre grandes feitos do Flamengo, como o título mundial de 1981. Está lá Moraes, dando entrevista ao lado de seus ídolos, sob o ponto de vista da “testemunha ocular”. “Torcedor que recebe dinheiro de clube é prostituta”, frisa.
Durante sua vida, Moraes foi executivo de dois órgãos públicos, e no fim da carreira manteve uma empresa de captação de recursos na área cultural. “Sempre fui classe média que me permitia algumas extravagâncias”, aponta.
“Nunca pedi ou aceitei qualquer ajuda financeira do Flamengo. Sempre paguei meus ingressos e minhas viagens, e por isso tenho o respeito de monstros sagrados do futebol”. (Francisco Moraes)
Para poder viajar aos jogos, Moraes se impunha no trabalho. “Meus diretores sabiam que não podiam competir com o Flamengo. Eu viajava, mas tinha metas a cumprir”, relembra. Com a vida amorosa, foi mais difícil conciliar. “Tive três relacionamentos que acabaram justamente porque não dava pra competir. O Flamengo sempre ganhou”.
E não foram poucas as loucuras em meio século. Para ir à final da Libertadores de 1981, Moraes foi do Rio de Janeiro a Santiago, e depois a Montevidéu para o jogo-desempate, numa maratona de ônibus e avião. Foram nove dias ao lado de outros aventureiros. “Quando cheguei em casa, já não aguentava mais”, resgata.
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Num jogo fora de casa normal, o torcedor pegava um voo às 18h do Rio para Curitiba, por exemplo, para ver o apito inicial às 21h45, dormia no aeroporto e voltava às 6h para estar no batente às 9h. “Isso é loucura. Uma loucura sadia”, descreve.
Viagem ao Iraque
Algumas vezes ele esteve sozinho com o time, como aconteceu num amistoso no Iraque, em 1986. “Comprei uma passagem Rio-Roma-Bagdá, e com muito custo consegui o visto de entrada. Só saiu depois que Helal (George Helal, presidente do Flamengo) mandou um telegrama para eles”, agradece Moraes.
Naquele tempo, acompanhar o Flamengo em todas as partidas era um enorme feito. “Você não tem a menor ideia do que era viajar de avião. Ou você ia com o time ou não via o jogo, por falta de conexões. E isso resultava num desgaste financeiro muito grande”, sinaliza.
“Uma das minhas ex-dona encrenca tocou fogo em 5 álbuns de ingressos, e fez pano de chão de três camisas que ganhei dos jogadores em Tóquio. De lá pra cá, não guardo mais nada”. (Francisco Moraes)
Para acompanhar o Flamengo, e o Brasil nas 12 Copas do Mundo de 1970 a 2014, o custo total foi de 1 milhão de dólares, estima Moraes. “Foi um dinheiro bem empregado. Gastei comigo, conheci mais de 80 países, atrás de uma paixão, o Flamengo e a Seleção Brasileira, e vendo meu ídolo eterno Zico”, reflete. Como diria a propaganda de cartão, isso não tem preço.
Serviço:
Confira histórias vividas por Francisco Moraes, em seu site pessoal, o História de Torcedor.
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