Arilde Guimarães Júnior praticamente não tem camisas de passeio. Só de futebol. Especialmente do Bahia, seu time de coração. Se quisesse, ele poderia envergar as cores vermelho, azul e branco na ida ao trabalho durante quase o ano inteiro. No total, são cerca de 200 peças. Para completar os cerca de 250 dias úteis e mais os fins de semana e feriados, bastaria então vestir suas camisas de demais times baianos – 150 de 41 clubes.

É uma coleção fantástica, iniciada há somente uma década. Sua primeira camisa foi comprada em 1999, com o dinheiro do primeiro salário, mas a mania começou pra valer em 2005. “A partir daí, passei a comprar todas as novas camisas do Bahia que eram lançadas e as anteriores que apareciam”, relata o engenheiro mecânico, de 36 anos.

Na coleção, são diversas relíquias. Como uma da década de 1970, a azul da Adidas de 1978 e uma de goleiro da década de 1980. Tem até camisa que nem chegou a entrar em campo, da Rhumell de 2005, que teve o azar da rescisão entre a empresa e o clube antes de seu lançamento. Sorte de Arilde, que conseguiu resgatá-la.

Tanta paixão pelo manto tricolor levou o colecionador a lançar um blog sobre o tema, em companhia de Ruy Guimarães. Concorrentes em sites de leilão de camisas, eles uniram forças. Assim nasceu o Camisa do Bahia, que já previu lançamentos, como ocorreu com os três modelos da coleção da Nike em 2013.

“Eu queria ter todas as camisas do Bahia. Como é impossível, uma camisa usada na campanha do título brasileiro de 1988, de preferência da final, já me deixaria bastante satisfeito”. (Arilde Júnior)

“Hoje, até jornais locais e sites ligados ao Bahia nos procuram quando querem saber informações”, confidencia Arilde. Depois disso, a dupla foi convidada pelo colecionador Duda Sampaio para um livro sobre o tema. O mote foi o livro “A História das Camisas dos 12 Maiores Times do Brasil”, de Paulo Gini, que excluiu o Bahia. “O Duda ficou meio mordido”.

Ao projeto juntaram-se Alexandre Teixeira, Eduardo Guimarães e Ronei Dias. E assim surgiu, após três anos de pesquisa, o livro “Bahia: 80 Anos Contados por suas Camisas”, em 2011. Na publicação são listadas, desde 1931, 318 camisas. “Foi, à época do lançamento, e creio que ainda seja, o único livro nacional sobre o tema dedicado a um único clube”.

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Não bastasse as 200 camisas do Bahia, Arilde possui ainda 300 de equipes e seleções diversas. A metade dessas de times baianos. “Há três anos, eu vi que muitos colecionadores tinham como foco as camisas dos clubes de seus estados”, conta. Assim foi acumulando peças, como duas do Palmeiras Nordeste, time já extinto.

“Eu praticamente só uso camisas de futebol, seja pra ir ao shopping, ao mercado, ao banco ou ao trabalho. Tanto que alguns amigos até estranham quando eu uso uma camisa, digamos, comum”, ironiza o torcedor, que mora em Salvador. “Já aconteceu de eu ir trabalhar todos os dias de uma semana com uma camisa do Bahia diferente”.

Se você está se fazendo essa pergunta, Arilde tem no guarda-roupa camisas do Vitória. Bem, na realidade, oito camisas do Vitória da Conquista e uma do tradicional Vitória do Espírito Santo. “Do rival do Bahia, não possuo exemplar e nem faço questão de possuir”. Esse é Bahêa, meu rei!

Relíquias do Bahia:

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